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Entenda o que é o Câncer de Cólon, a doença que o Rei Pelé tinha

Ex-jogador fazia um tratamento para curar o tumor desde setembro do ano passado

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Pelé sentado na cadeira de rodas do hospital com os punhos cerrados
(Foto: Reprodução)

O rei do futebol, Edson Arantes do Nascimento conhecido como o Rei Pelé, nos deixou nessa quinta-feira (29), após um mês internado em um hospital em São Paulo. Aos 82 anos, o ex-jogador de futebol recebeu inúmeras homenagens de personalidades e esportistas em vários países. O rei foi acometido pelo câncer de cólon e reto.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para 2022 para o Câncer de Cólon é de 45.630 novos casos, sendo 21.970 homens e 23.660 mulheres ; e número de mortes 20.245, sendo 9.889 homens e 10.356 mulheres (dados de 2020). Em incidência é o segundo tipo de câncer mais comum em homens e mulheres e em mortalidade é o terceiro tipo mais comum. Ou seja, alta incidência com alta mortalidade.

De acordo com a Dra. Tatiana Barros, há um debate sobre a idade ideal para iniciar o rastreamento, pela Organização Mundial da Saúde, o rastreamento do câncer de cólon e reto deve ser feito em pessoas acima de 50 anos, mas algumas sociedades já orientam realizar o rastreamento a partir 45 anos. “O câncer de cólon, também conhecido como câncer de intestino ou câncer colorretal, compreende os tumores que se iniciam no intestino grosso chamada cólon e no reto (parte final do intestino, imediatamente antes do ânus). Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, que são lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso e ao longo do tempo podem se transformar em um tumor maligno”, informa a médica.

De um modo geral, o risco de desenvolver câncer colorretal ao longo da vida é um pouco menor nas mulheres do que nos homens; cerca de 1 em 23 (4,4%) para homens e 1 em 25 (4,1%) para mulheres.

Os principais fatores de risco são a má alimentação (como o consumo pobre em frutas, vegetais e alimentos que contenham fibras, o alto consumo de carnes processadas como salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru e salame e a ingestão excessiva de carne vermelha), idade igual ou acima de 50 anos e excesso de peso corporal. “Outros fatores relacionados à maior chance de desenvolvimento da doença são histórias familiares de câncer de intestino, ovário, útero ou mama, além de tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas. Doenças inflamatórias do intestino: retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn, bem como doenças hereditárias, como polipose adenomatosa familiar (FAP) e câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC)”, completa a oncologista.

A melhor forma de prevenção é buscar qualidade de vida como a manutenção do peso corporal adequado, a prática de atividade física regulares e uma alimentação saudável, consumindo os alimentos minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, grãos e sementes e evitando o consumo de carnes processadas e limitar o consumo de carnes vermelhas. “Esse padrão de alimentação é rico em fibras e, além de promover o bom funcionamento do intestino, também ajuda no controle do peso corporal. Não fumar e não se expor ao tabagismo e abstenção do álcool”, acrescenta a médica.

Sintomas, exames e tratamentos:

Os principais sinais e sintomas sugestivos deste câncer são: sangramento nas fezes, massa (tumoração) abdominal, dor abdominal, perda de peso , anemia e mudança de hábito intestinal. Os tumores de intestino podem ser detectados precocemente por meio de dois exames principais: pesquisa de sangue oculto nas fezes e endoscopias (colonoscopia ou retossigmoidoscopia). Esses exames devem ser realizados em pessoas com sinais e sintomas sugestivos de câncer, visando ao diagnóstico precoce, ou como rastreamento, nas pessoas sem sinais e sintomas, mas pertencentes a grupos de médio risco (pessoas com 45 anos ou mais) e alto risco (indivíduos com história pessoal ou familiar de câncer de intestino, de doenças inflamatórias do intestino ou síndromes genéticas, como a de Lynch).

“Existem pessoas com risco aumentado, são as que possuem um histórico familiar de câncer colorretal, certos tipos de pólipos ou de síndromes de câncer colorretal hereditárias, como polipose adenomatosa familiar ou síndrome de Lynch. Ou, histórico pessoal de doença inflamatória intestinal (Colite ulcerativa ou doença de Crohn) ou de certos tipos de pólipos e o de radioterapia prévia do abdome ou região pélvica. As pessoas com risco aumentado podem precisar iniciar o rastreamento antes dos 45 anos, fazer exames com mais frequência e/ou realizar exames específicos”, informa a oncologista do Adventista Silvestre do Rio de Janeiro que completa: “o câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está localizada a cirurgia é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos (pequenas estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo). Ou em alguns casos do câncer no reto, a radioterapia associada à quimioterapia pode ser utilizada. Nos casos de metástase para outros órgãos, o tratamento sistêmico torna-se mais importante e frequentemente usamos quimioterapia , terapia alvo e mais recentemente, imunoterapia”, finaliza a dra. Tatiana Barros.

Dra. Tatiana Barros, é médica oncologista do Hospital Adventista Silvestre do Rio de Janeiro, com especialidade em Oncologia Clínica pela UFRJ, membro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica ou American Society of Clinical Oncology (ASCO), Staff de Oncologia Clínica do Hospital da Força Aérea do Galeão (HFAG).

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