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Brasil

Fake Traders: Cresce o número de golpistas durante a pandemia

Especialista revela técnicas comuns dos “gurus” do investimento

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Com a explosão de jovens entre 16 e 25 anos na Bolsa de Valores, atualmente mais de meio milhão de pessoas, cresce também o número dos chamados “Fake Traders”, pessoas com conhecimento sobre o mercado financeiro e que se aproveitam dos inexperientes para ganharem dinheiro de forma inescrupulosa.

Só em 2020, em plena pandemia, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recebeu 324 denúncias de fraudes financeiras, 161% a mais do que em 2018. E isso não significa, porém, que “apenas” 324 pessoas foram impactadas, já que cada uma dessas queixa pode ter vários reclamantes.

Também segundo a CVM, o número de pessoas físicas que fizeram pelo menos uma operação de day trade levou cinco anos, de 2013 a 2018, para aumentar em 144%. Daí em diante, o crescimento escalou: foi de 108,8% de 2018 para 2019 e já disparou mais 100% em 2020, em grande parte por conta da pandemia. Em termos absolutos, já são mais de 1 milhão de brasileiros que ao menos experimentaram esse tipo de operação até o ano passado.

“Os resultados são mascarados. Para convencer um grande número de pessoas de que os ganhos são altos eles manipulam as telas de demonstração nos seus canais ou perfis. Quem segue e tem pouco conhecimento sobre o sistema não tem como descobrir que se trata de um show de mágica. Tudo ilusão.” Conta o especialista em Trading e Fluxo Dayvison Casal.

 

O objetivo, segundo Dayvison, é atrair o maior número de interessados á prática de Day Trading, que envolve a venda de ações ou outros produtos financeiros no mesmo dia, para ganhar com a oscilação do mercado.

“O foco é pegar quem está desesperado e depende de uma grande quantidade de dinheiro imediatamente. Pessoas que estão desempregadas ou que querem lucro rápido. A pandemia foi um prato cheio para esses golpistas.” explica o especialista.

 

Entre as práticas mais comuns estão a ocultação dos saldos e entradas nas operações com valores reduzidos, contrastando com a vida de ostentação e luxo apresentado pelo trader.

“Tudo isso é pago com o dinheiro dos investidores, com objetivo de induzi-los a acreditar que qualquer um que seguir por esse caminho vai atingir esse status. Em muita das vezes os carros são alugados, bem como os outros bens. Assim que a maré vira negativamente para o lado deles, todos somem e o estilo de vida também.” Esclarece o investidor.

 

De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apenas 0,6% das pessoas que tentam operar day trade de ações persistem na atividade. Além disso, apenas 0,1% delas têm lucro. Uma outra pesquisa realizada pela instituição entre 2012 e 2017 apontou ainda que mais da metade dos traders considerados “experientes” perderam dinheiro com a prática e apenas alguns conseguem manter uma renda mensal superior a R$ 10 mil.

Em junho de 2020, por exemplo, um americano de 20 anos cometeu suicídio ao verificar que teria um saldo negativo de US$ 730 mil em sua corretora após operações alavancadas. O motivo teria sido a falta de orientação recebida sobre a atividade.

“Não existe milagre. Não existe dinheiro imediato. A menos que você jogue na Mega Sena ou receba uma boa herança familiar a única forma de ficar rico é com muito esforço e dedicação. Eu mesmo, antes de optar por esse estilo de vida, tinha consciência de que poderia perder tudo se não estudasse diariamente o mercado e me consultasse com quem realmente entende. Apanhei muito antes de chegar onde queria e só recomendo buscar esse caminho se estiver focado em trabalhar com isso de forma intensa”, conta Dayvison.

 

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