A Força Tarefa de Segurança Pública do Acre, composta pela Polícia Federal, Polícia Civil e Polícia Militar deflagrou nesta quarta-feira (1), a operação “Hestia”, com o objetivo de combater uma organização criminosa dedicada à lavagem de dinheiro oriunda do tráfico de drogas que atuava em quatro estados do Brasil (Acre, Amazonas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte). A investigação teve início em janeiro deste ano e revelou um esquema profissional responsável pela administração de valores provenientes de fontes ilícitas, movimentado através de empresas “laranjas”, objetivando ocultar bens e valores, dissimular sua origem e reinserir os ativos no mercado com aparência de legalidade.
De acordo com as investigações, para lavar o dinheiro proveniente das atividades criminosas, um núcleo – liderado por um empresário acreano do ramo de venda de extintores – se utilizava de sete empresas sediadas em Rio Branco/AC, Epitaciolândia/AC e Cruzeiro do Sul/AC, a fim de simular um funcionamento regular dos estabelecimentos para justificar os valores e bens obtidos com o lucro do tráfico interestadual de drogas.
O trabalho de inteligência desenvolvido pela Força Tarefa de Segurança Pública do Acre possibilitou a identificação do principal líder da organização criminosa. O mesmo encontra-se foragido desde 2017 quando estava cumprindo pena na penitenciária estadual do Acre, contudo, conseguiu uma fuga cinematográfica de um hospital em Rio Branco-AC, após fazer um buraco no forro do banheiro do apartamento que estava internado para um procedimento cirúrgico.
A ação contou com o apoio operacional de policiais federais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes/RJ e de policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) do estado do Rio de Janeiro.
Cumprindo os parâmetros de excepcionalidade, a Polícia Federal e o BOPE diligenciaram até a Maré, na Zona Norte do Rio, com o objetivo específico de cumprir dois mandados judiciais de prisão e dois de busca e apreensão expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas de Rio Branco-AC, no entanto, ao chegar na entrada da comunidade, os policiais foram recebidos a tiros por traficantes.
No momento em que os agentes entraram no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, uma intensa troca de tiros chegou a fechar a Linha Amarela, em ambos os sentidos, por cerca de 10 minutos. Após o confronto, a PM prendeu seis criminosos. Mas, no momento, a via foi liberada tanto para quem vai para Barra quanto quem segue para o Fundão.
Motoristas que passavam pela via no momento tiveram que abandonar os carros para procurar abrigo e se protegerem dos tiros.
De acordo com o Centro de Operações Rio (COR), os dois sentidos foram liberados por volta das 7h. Durante a ação os policiais apreenderam um fuzil, diversos carregadores de fuzil, uma pistola, munições, granada, drogas e rádios comunicadores.
O líder da organização criminosa ostentava uma vida de luxo ao redor de sua família na comunidade da Maré. O criminoso – apontado pelas forças de segurança pública do Acre como o mais procurado do estado – construiu um imóvel de luxo dentro da comunidade que contava com piscina e banheira de hidromassagem. Ele ainda tem a proteção de traficantes locais.
Os investigados movimentaram mais de R$ 43 milhões em suas contas bancárias durante o período apurado, grande parte através de transações em espécie – inclusive para o exterior – bem como investimentos em gado e imóveis. Ao todo, foram bloqueados judicialmente mais de R$ 19 milhões em bens da organização criminosa.
A operação conta com a participação de 150 policiais que cumprem 37 mandados de busca e apreensão domiciliar e 10 mandados de prisão preventiva em quatro estados, nas cidades de Rio Branco/AC, Cruzeiro do Sul/AC, Epitaciolândia/AC, Rio de Janeiro/RJ, Natal/RN e Boca do Acre/AM. As buscas contaram com o apoio de um helicóptero da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Acre.
Os investigados serão indiciados pelos crimes de integrar organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico interestadual de drogas, cujas penas somadas podem chegar a 33 anos de prisão.
O nome da operação, HÉSTIA, faz alusão à mitologia grega e representa a Deusa do Fogo, para se contrapor à principal atividade econômica exercida de maneira dissimulada pelos investigados, isto é, o comércio de extintores de incêndio. O fogo de Héstia simboliza também a vida, a cidade, a proteção e o sacrifício.
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