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Ciência

Cansaço por pequenos esforços e fadiga podem ser sintomas de leucemia aguda

Hematologista alerta que primeiros sinais de câncer podem ser confundidos até com estresse

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Cansaço por pequenos esforços e fadiga podem ser sintomas de leucemia aguda (Foto: INCA/ Divulgação)
Cansaço por pequenos esforços e fadiga podem ser sintomas de leucemia aguda (Foto: INCA/ Divulgação)

Já sentiu um cansaço por pequenos esforços, fadiga e associou isso ao excesso de trabalho, problemas pessoais, estresse? Embora pouca gente imagine, esses sinais podem ser indicativos de leucemia aguda. O hematologista Eduardo Gerk, da Oncoclínicas Rio de Janeiro e do Hospital Marcos Moraes, explica que, como os sintomas são parecidos com outras doenças, muitos pacientes só procuram atendimento médico tardiamente. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que a doença, aguda ou crônica, e que pode surgir em qualquer idade, afetará 11.540 mil brasileiros este ano.

“Os pacientes associam os sintomas iniciais ao excesso de afazeres diários, ao estresse, ao trabalho. Apenas quando aparecem sintomas mais alarmantes, como a febre e sangramento espontâneo, é que procuram atendimento médico. A leucemia aguda pode ter evolução rápida, de dias ou semanas. Por isso, ao perceber essas mudanças, que podem incluir também uma infecção, como a urinária, é preciso fazer uma avaliação”.

Outros sintomas que caracterizam a leucemia aguda são febre o final da tarde – que não costuma ser muito alta, em torno de 38°C -, sudorese noturna, perda de peso inexplicada, dor óssea, infecções de repetição e sangramento espontâneo. A leucemia aguda é caracterizada pela proliferação desordenada de células doentes na medula óssea, afetando a produção das células sanguíneas normais. Alterações em um exame de sangue simples, como o hemograma, podem ser suficientes para acender o sinal de alerta para a doença.

Dependendo do tipo de leucemia, também pode ocorrer aumento dos gânglios linfáticos, do baço, do fígado, dos testículos e acometimento do sistema nervoso central. Alguns tipos de leucemia podem ocasionar hipertrofia gengival e infiltração de pele.

De acordo com o hematologista, nos últimos anos, surgiram várias tecnologias que mudaram o curso do tratamento da leucemia aguda. Entre elas, se destacam as terapias alvo para algumas mutações específicas, a imunoterapia com anticorpos monoclonais, anticorpos monoclonais conjugados a drogas e anticorpos biespecíficos, além do transplante alogênico de medula óssea e a terapia celular com linfócitos T quiméricos.

A sobrevida dos pacientes em tratamento de leukemia aguda depende de alguns fatores, como a idade, condições clínicas prévias, alterações moleculares e a agressividade da doença. Infelizmente, não há formas de prevenção. ”Na maior parte das vezes, não é possível identificar um fator de risco para a leucemia”, diz o médico. Ele lembra, porém, que exposição a agentes químicos, a determinados solventes e agrotóxicos, elevam as chances de adquirir o problema.

Importância da doação de sangue e medulla

Gerk explica que a leucemia aguda ocasiona deficiência na produção das hemácias, leucócitos e plaquetas, gerando anemia e queda na contagem de plaquetas, justificando os sintomas de cansaço e sangramento. “Esta produção só retornará ao normal quando a leucemia for tratada e colocada em remissão. Porém, até que essa produção normalize, o que costuma demorar, em média, 30 dias no tratamento inicial, o paciente necessitará de suporte exógeno de hemácias e plaquetas em grande quantidade e, por isso, é necessário que a doação de sangue seja sempre estimulada, para que nunca haja falta de hemoderivados, e estes pacientes não deixem de receber esse suporte essencial”, diz o médico.

O hematologista também explica que nem todos os casos exigem transplante de medula óssea, mas a medida é importante para muitos pacientes. “O transplante alogênico permite que o doente receba uma medula capaz de produzir células saudáveis. As células de defesa do doador, por sua vez, agem como um tratamento que impede as recaídas da doença”. De acordo com Gerk, o mais comum é que haja compatibilidade entre irmãos ou membros da mesma família. Quando isso não é possível, pode-se recorrer a bancos de medula óssea. Por isso, é importante que as pessoas se cadastrem como doadores no hemocentro mais próximo. “Esta atitude pode ajudar a salvar vidas”, lembra.

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