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Ciência

Desfralde fora do tempo e de maneira forçada pode gerar consequências negativas para criança, alerta psicóloga

”Não respeitar o tempo da criança pode trazer consequências negativas” alerta especialista em inteligência parental Nanda Perim

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Desfralde fora do tempo e de maneira forçada pode gerar consequências negativas para criança, alerta psicóloga
Desfralde fora do tempo e de maneira forçada pode gerar consequências negativas para criança, alerta psicóloga

O desfralde é um dos marcos do desenvolvimento psicomotor da criança e uma fase que normalmente gera muita ansiedade, tanto nos pais quanto nos pequenos. Isso porque, apesar de existirem alguns processos que costumam funcionar para a maioria, cada um tem o seu tempo e vive a experiência de maneira diferente. Saber que a criança larga as fraldas e que não somos nós, adultos, quem tiramos delas é o primeiro passo.

“Na verdade, a fralda não é tirada. Ela é deixada. O desfralde não depende da força de vontade da criança. Apesar do costume de vincular desfralde à época do ano ou idade, a criança só está efetivamente pronta para esta importante transição quando ela mesma perceber que não precisa mais das fraldas, evoluindo para o interesse de não usar mais. Cabe aos pais dar espaço e tempo para ela, sem pressa. Deixar que ela mesma guie esse processo, descubra suas capacidades e habilidades e desenvolva as ferramentas necessárias”, alerta a psicóloga, escritora, especialista em Inteligência Parental – dona de um dos perfis mais acessados pelos pais no Instagram, com mais de 1 milhão de seguidores, o PsiMama -, Nanda Perim.

O desfralde feito de forma forçada pode gerar transtornos emocionais e clínicos na criança como ansiedade, insegurança, infecções urinárias, prisão de ventre e medo de evacuar, por exemplo. E, tudo isso pode atrasar ainda mais o processo. “Assim como antes de andar sozinho, o bebê começa por se apoiar nas coisas, da mesma forma ocorre com as fraldas: a criança é quem vai determinar o tempo apropriado. O desfralde depende do ritmo, do desenvolvimento do pequeno e, também, da dinâmica da família”, explica Nanda Perim.

É importante que os pais observem o comportamento dos filhos antes de iniciar o processo. “O desfralde acontece em três pilares: o cognitivo, o motor e o emocional. É como se fosse um tripé. Se você tira um deles, tudo “desmorona”. Se o adulto faz muita pressão para a criança largar a fralda, está tirando o pilar emocional, e o aprendizado tende a desandar. Quanto mais se pressiona, mais atrapalha o processo. E ainda pode fazer com que a criança fique insegura, que se veja como incompetente, o que pode trazer consequências emocionais e de autoestima na vida dela”, alerta a especialista.

Ainda de acordo com a psicóloga, o desfralde se divide em quatro tipos: o desfralde noturno do cocô; o diurno do xixi; o noturno do xixi e o diurno do cocô. “Cada um deles acontece em cinco etapas. A primeira é quando a criança se sente indiferente se fez xixi ou cocô. Na segunda, ela consegue dizer que fez xixi ou cocô. A terceira é o presente, ou seja, quando ela diz que está fazendo. A quarta, é o futuro com controle, quando o pequeno consegue sentir e identificar os sinais de que vai fazer xixi ou cocô, mas ainda não controla e, até chegar ao vaso, já vai ter feito. A última etapa é, efetivamente, o desfralde, quando ela sente que vai fazer xixi ou cocô, avisa, e sente a necessidade de fazer no vaso, embora no início possam ocorrer alguns escapes”, explica Nanda Perim.

NÃO É PREGUIÇA!

A criança não desfralda quando ela quer, como enfatiza a PsiMama: “Não existe isso de a criança não querer se desfraldar por preguiça. Não depende de treinamento. Depende do desenvolvimento. E não tem como apressar o desenvolvimento. O que acontece é que ela não está pronta. Existem crianças que não têm maturidade para entender que é importante ela parar de brincar para ir ao banheiro, por exemplo. O desenvolvimento não é só motor”, lembra.

Nanda Perim reforça que o processo precisa ser divertido, leve e sem pressão. E muitas vezes não é linear. “Tudo bem se precisar interromper o desfralde e recomeçar em outro momento. O importante é não forçar para não correr o risco de gerar traumas que, em alguns casos, podem, sim, gerar consequências para a vida”, conta.

Nanda Perim também indica o próprio livro infantil “Tchau fralda, foi bom te conhecer”, cujo personagem principal usa fralda do começo ao fim da história e só se despede dela completamente – colocando calcinha/cueca depois que está controlando e indo ao vaso há muito tempo.

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