Na pandemia, atendimento psicológico se reinventou para dar suporte a pacientes

O dia 27 de agosto é dedicado aos psicólogos, profissionais que seguiram presentes ainda que à distância na vida de seus pacientes desde o início da pandemia do novo coronavírus. Nesse período, o atendimento foi reinventado com as teleconsultas, que representam um legado na promoção do acesso aos cuidados com a mente. Até mesmo oportunidades para troca de experiências ou terapias alternativas como meditação migraram para o online.

“Tivemos que nos reinventar para manter o suporte emocional ao paciente. O que seria, a princípio, um plano de contingência vai permanecer. Conseguimos facilitar o acesso a pacientes acamados, por exemplo, ou que estão mais distantes, e hoje atuamos para recuperar a sensação de confiança e cuidados para que tratamentos presenciais, como exames ou visitas a médicos, não sejam paralisados”, destaca Natalia Gil, psico-oncologista e coordenadora do serviço de psicologia de rede de clínicas oncológicas no Rio de Janeiro.

Com a experiência de mais de 15 anos no suporte psicoemocional a pacientes, famílias e profissionais que enfrentam o câncer, Natalia afirma que nenhuma modalidade de consulta substitui a outra e combina o acompanhamento presencial ao remoto, conseguindo alcançar pacientes em diferentes momentos.

“Apesar de todos os protocolos rígidos, hospitais e clínicas se tornaram locais ameaçadores para muita gente no cenário em que vivemos. Nesse sentido, para combater essa visão, lidamos com um desafio maior no relacionamento entre todos os envolvidos nos tratamentos. Tudo isso requer um trabalho psicoemocional”, acrescenta a psicóloga.

Importância da psico-oncologia

Para cada pessoa o diagnóstico de câncer é recebido de um jeito, de acordo com referências individuais e outros cenários em que o paciente está inserido. Ao longo e após o tratamento, o apoio também é fundamental. Por isso, com o avanço da abordagem integral no tratamento oncológico, os centros de referência são compostos por equipe interdisciplinar. Profissionais de psicologia, nutrição, farmácia, odontologia, em conjunto, ajudam a promover qualidade de vida e bem-estar aos pacientes.

“Vivemos como se nunca pudéssemos adoecer e há muito tabu quando se fala em câncer. Não há certo ou errado na forma como cada um reage. Porém, corpo e mente estão interligados e falar sobre sentimentos ajuda muito em todo o processo”, reforça Natalia.