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Capital Fluminense

Aposentado retoma os estudos e terá aulas com o próprio filho

Francisco Oliveira fará o EJA, que contribui para o retorno escolar daqueles que não terminaram o ensino fundamental

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Pai terá aulas com filho em Acarí
Francisco, de 63 anos, terá o filho como professor em sua volta aos estudos - Ana Clara Schwartz/Prefeitura do Rio

Após 50 anos longe da escola, Francisco Oliveira, de 63 anos, poderá concluir os estudos de forma ainda mais especial. O aluno terá aulas com Hugo Oliveira, professor de história e filho do Sr. Francisco. A Secretaria Municipal de Educação do Rio retomou esta semana as aulas na rede, incluindo as aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que está com mais de sete mil vagas abertas para quem quiser voltar a estudar. Atualmente, a rede tem mais de 20 mil estudantes inscritos nesta modalidade de ensino.

Francisco está animado para voltar à sala de aula. O aposentado parou de estudar aos 14 anos para trabalhar com seu pai em uma indústria metalúrgica. Ele se enquadra no perfil dos (as) estudantes que se inscrevem na EJA para pessoas acima de 15 anos que não concluíram o ensino fundamental quando crianças e adolescentes.

A oferta da EJA faz parte do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), com metodologia presencial de 4 horas diárias de aula e nas Escolas Exclusivas de EJA, em três escolas com metodologia semipresencial – duas horas diárias de aula, e à distância  – no CREJA e CEJA Maré. A maior parte das unidades escolares funciona com atendimento noturno, das 18h às 22h, mas há escolas que ofertam a EJA nos turnos da manhã e da tarde.

Francisco se orgulha em dizer que pôde contribuir para as formações dos filhos Hugo e José e agora terá essa contribuição retribuída pelo filho mais velho nas aulas de história. Seu retorno aos bancos escolares é no modelo semi presencial no CEJA Acarí. Foi durante um passeio no Museu da República, com o filho e os estudantes da unidade escolar, que despertou nele o desejo de voltar à sala de aula.

– O maior orgulho que tenho nessa vida é ver os diplomas dos meus dois filhos. Ser aluno do meu próprio filho, que eu fiz questão que tivesse mais oportunidades que eu, será uma emoção enorme. Vim da Paraíba com oito irmãos, direto para a favela. A gente não tinha dinheiro para nada. Vou chamar o Hugo de professor, mas pode ser que às vezes escape a palavra filho – comentou o aposentado que já treina a língua portuguesa escrevendo poesias de cordel.

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