Celebridades
Em última publicação no Instagram, Moraes Moreira afirmou: ‘Temo o coronavírus e zelo por minha vida’
Cantor e compositor baiano faleceu na madrugada desta segunda-feira, no Rio de JaneiroA Música Popular Brasileira (MPB) amanheceu mais triste com a notícia da morte do cantor e compositor Moraes Moreira, nesta madrugada. Ele estava sozinho em sua casa localizada no bairro da Gávea, na cidade do Rio de Janeiro, e ainda não teve a causa da morte revelada.
Em isolamento nas últimas semanas, devido à pandemia do novo coronavírus, Moraes Moreira aproveitou o tempo ocioso para tocar e escrever sem parar, como narrou o próprio em sua última publicação no Intagram, feita no dia 17 de março. Nela, o músico baiano apresenta sua mais nova criação, um cordel sobre a quarentena.
Nos versos, há frases como “eu temo o coronavírus”, “assombra-me a pandemia” ou “eu não queria essa praga”. A letra, bastante reflexiva, trazia em sua estrofe final os dizeres: “O que vale é o ser humano/ E sua dignidade/ Vivemos num mundo insano/ Queremos mais liberdade/ Pra que tudo isso mude/ Certeza, ninguém se ilude/ Não tem tempo, nem idade”.
Abaixo, você confere a letra completa do cordel sobre a quarentena:
Quarentena (Moraes Moreira)
Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida
Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito
De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia
Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido
Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo….
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia
As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude