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‘Meu Tio José’ estreia no Festival Internacional de Cinema de Brasília

Produção baiana é baseada em fatos reais e promete mobilizar o público, principalmente jovem e a crítica, ao contar, pelo olhar de uma criança, a história familiar de um ex-guerrilheiro assassinado na ditadura

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'Meu Tio José' estreia no Festival Internacional de Cinema de Brasília
'Meu Tio José' estreia no Festival Internacional de Cinema de Brasília

Em meio às vésperas das eleições no país e ao cenário de polarização política, o Festival Internacional de Cinema de Brasília – que acontece em formato híbrido a partir do dia (23) até o dia 30 de setembro – selecionou para exibição o longa-metragem ‘Meu Tio José’.

O filme foi apresentado no dia 27 de setembro, às 9h, no Cine Brasília; no mesmo dia, às 14h, no SESC Gama; no dia 28 de setembro, às 9h, no Complexo Cultural de Planaltina; e dia 29 de setembro, às 14h, no SESC Taguatinga.

A produção baiana é baseada em fatos reais e promete mobilizar o público, principalmente jovem e a crítica, ao contar, pelo olhar de uma criança, a história familiar de um ex-guerrilheiro assassinado na ditadura.  O momento no Festival de Brasília também representa o aquecimento da obra para a estreia nacional no circuito independente, a partir do dia 27 de outubro deste ano.

Com produção executiva de Maria Luiza Barros e distribuição no Brasil da Tucuman, o filme desenvolvido no formato animação conta, sob o olhar de uma criança, Adonias, o assassinato de José Sebastião de Moura, tio de Ducca e membro do grupo de esquerda “Dissidência da Guanabara”, que participou do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, em 1969. “É uma obra importante, cíclica. Começa num golpe e vai ser lançada durante um outro golpe. Ela toca as pessoas porque faz essa revisita, lembrando esse evento trágico da minha infância, que remete a tantas lembranças com ele. Quando meu tio foi assassinado, eu tinha apenas dez anos de idade, foi um choque para mim e toda a família. A partir dali, comecei a entender o que é uma ditadura militar e esse filme é a minha resposta para uma realidade bruta que nos deixou cicatrizes”, destaca o diretor, que completa: “Foi meu tio que me ensinou a nadar, ele brincava muito comigo e com meu irmão”, conta. Aliando essas boas memórias afetivas ao trabalho com cinema, Ducca decidiu homenageá-lo com seu primeiro longa-metragem chamando atenção para um crime até hoje sem resposta. “Tem muita coisa ficcional, usando a simbologia da época, como o próprio ato de ilustrar, de fazer um filme todo desenhado a mão, mas boa parte é baseada em fatos reais”, revela.

Historicamente, José permaneceu exilado durante dez anos, antes de retornar ao Brasil, onde foi morto em um crime com evidências fortes de motivação político-ideológica e que permanece sem solução. Na trama, o conflito principal se dá a partir de uma redação que Adonias tem que escrever na escola, mesmo dia em que seu tio sofre o atentado, em 1983, sendo depois levado ao hospital em estado grave. Daí em diante, Adonias tem que lidar com a tristeza de sua família, com as desavenças na escola e com a angústia de ter que cumprir a tarefa pedida pela professora. 

De acordo com Ducca, a classificação 14 anos do filme também simboliza a oportunidade de conversar com o público jovem sobre momentos relevantes da história e estimular a importância de exercer a cidadania desde cedo. 

Nas vozes dos personagens, Wagner Moura representa José e ficou muito entusiasmado com o projeto. “Apoio, assino embaixo. Fico contente, ainda mais na linguagem que Ducca escolheu, a animação, pouco comum no cinema brasileiro”. Já Lorena Comparato empresta sua voz à professora Adriana, enquanto Tonico Pereira tem sua voz ligada ao diretor da escola. A trilha sonora conta com cinco canções de Chico Buarque, com uma roupagem rock’n roll e em versões totalmente instrumentais: Roda Viva, Construção, Deus lhe pague, “O que será, porém”, e “Apesar de Você”, única com voz, interpretada por Lirinha, vocalista do Cordel do Fogo Encantado.

O longa ‘Meu Tio José’ também coleciona importantes participações, incluindo ter sido um dos finalistas na categoria Contrechamp, em 2021, no Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy, o maior e mais importante festival de animação do mundo, ter sido finalista no Prêmio Quirino, em 2022, maior honraria do cinema de animação Ibero-americano, ter estreado no Brasil na Mostra Internacional de São Paulo, em 2021, ter sido finalista no Festival do Rio, em 2021, ter feito parte da seleção oficial de mais de 15 festivais internacionais e ter ganhado, até o momento, três prêmios internacionais, nos festivais FICIMAD (Madrid), VIFF (Vancouver) e Animation Studio (Paris).

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