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Rio

74% das escolas cariocas tiveram pelo menos um tiroteio próximo à instituição em 2019, diz estudo

Pesquisa é do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, que reuniu dados de tiroteios no Rio

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(Foto: Reprodução)

(Foto: Reprodução)

Uma pesquisa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), que reuniu dados de tiroteios no Rio disse que 74% das escolas cariocas tiveram pelo menos um tiroteio no seu entorno no ano de 2019.

Dados indicam que, entre elas, cinco unidades concentram 20 ou mais operações policiais no período. O perfil dos alunos, em grande parte (77%), é de negros nas escolas mais expostas à violência.

O estudo usou como base alunos entre o 5º e o 9º anos em 2019 — período anterior à pandemia da Covid-19 — para tentar refletir a realidade dos estudantes, já que, a partir daí, o ensino presencial passou por mudanças.

Perdas

Os pesquisadores concluíram que estudantes de unidades instaladas em áreas violentas, que registraram seis ou mais operações policiais, têm redução média de 7,2 pontos no desempenho em língua portuguesa e 9,2 em matemática. “Considerando o ganho médio anual de proficiência, a exposição à violência resulta em perda de 64% do aprendizado esperado em língua portuguesa e em matemática”, informa o estudo.

Na comparação das médias de reprovação e de abandono das unidades de ensino, a conclusão é que a exposição frequente a tiroteios, com a presença de agentes de segurança, pode gerar aumento de 2,09% na taxa de reprovação e de 46,4% na probabilidade de pelo menos um aluno abandonar a escola.

Prejuízo

Outro cálculo feito pelos pesquisadores mostra que o déficit de aprendizagem no 5º ano tem consequências futuras na vida produtiva dos pequenos cidadãos. Ele gera uma perda financeira de R$ 24.698,00.

“Por exemplo, esse jovem, ao concorrer a uma vaga no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), já está em desvantagem em relação aos outros alunos também do ensino público, pelo fato de ter sua aprendizagem comprometida pela guerra às drogas desde sua infância. Essa diferença se perpetua pela vida produtiva do cidadão, reduzindo sua oportunidade de geração de renda. Estamos falando da manutenção da desigualdade e estagnação de mobilidade social como reflexos diretos da ação do Estado”, afirmou a socióloga Julita Lemgruber.

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