Capital Fluminense

Moradoras da Rocinha recebem formação em redes sociais para alavancar pequenos negócios

Thaina Dantas engravidou no meio da pandemia. Sem trabalho, teve a ideia de começar a vender roupas com outra amiga também grávida, como forma de garantir o sustento das novas famílias. Hoje o canal de vendas pelo instagram @manas_butique está ganhando novo fôlego para alavancar as vendas. Thaina e mais 32 moradoras da Rocinha estão prestes a se formar na primeira turma de Comunicadores Digitais voltada para micro negócios, promovida pela PUC-Rio. Um projeto que contribui com algumas dessas histórias inspiradoras que transformam as vidas das pessoas na favela.

O projeto Fala pra Gente! Comunicadores Digitais da Rocinha tem o objetivo de levar capacitação às mulheres que estão empreendendo na região. São costureiras, doceiras, cabeleireiras, donas de negócios locais. Além da formação em redes sociais de três turmas – a próxima com inscrições de 1 a 14 de agosto, com foco em cultura – uma websérie com as histórias de algumas das lideranças femininas da comunidade será lançada na próxima semana.

O projeto é desenvolvido em parceria entre os departamentos de Comunicação e de Serviço Social, o ECOA PUC-Rio, o Laboratório de Humanidades Digitais, o Jornal Fala Roça, o Museu Sankofa Memória e História da Rocinha e a Biblioteca Parque, onde acontecem as oficinas. Faz parte do edital do Programa Favela Inteligente em Apoio às Bases para o Parque de Inovação Social e Sustentável na Rocinha, promovido pela FAPERJ. Além de professores da Universidade, a produção da websérie e das oficinas envolve um projeto de extensão com a participação de alunos da graduação e da pós, alguns deles moradores da favela. Para os próximos ciclos de oficinas, o grupo espera contar com a parceria de empresas interessadas em apoiar as mulheres da comunidade.

O objetivo é colocar uma pitada de inovação e mais tecnologia, simples e gratuitas no trabalho dessas mulheres, que já vêm transformando sua realidade e de suas famílias. Durante as aulas, elas aprendem noções de fotografia e design para as redes, recursos do instagram, conceitos de marketing digital, identidade visual e planejamento.

A escolha pelas mulheres como foco principal do projeto se deu a partir de reuniões com os articuladores locais. Tanto a equipe do Jornal Fala Roça quanto os integrantes do Museu Sankofa identificam que a atuação feminina é uma marca no cotidiano da favela, em que muitas famílias são sustentadas por mulheres. Elas também estão na base dos principais movimentos sociais e de luta por direitos desde a formação da comunidade.

“A gente tem aí uma oportunidade de amplificar vozes e escutas, com uma atenção especial neste momento voltada às questões das mulheres”, diz a professora do Departamento de Serviço Social da PUC-Rio, Nilza Rogéria Nunes.

Levantamento da consultoria IDados, com base nos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que o número de mulheres que são responsáveis financeiramente pelos domicílios vem crescendo a cada ano e já chega a 34,4 milhões. Isso significa que quase metade (48%) das casas brasileiras são chefiadas por mulheres, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Na Rocinha, esse número sobe para 76%, segundo o Jornal comunitário Fala Roça, em levantamento feito durante doações de cestas básicas na pandemia. No ano de 2020, o jornal cadastrou 5.621 moradores e constatou que 47,4% dessas famílias são compostas por até 4 membros, sendo que 62,5% possuem de 1 a 3 filhos. Com as suspensões dos contratos de trabalho, como no caso de Thaina, 69% dos responsáveis pelo sustento da casa ficaram sem nenhuma remuneração. (fonte: https://falaroca.com/mulheres-afetadas-pandemia-rocinha/)

O número de mulheres abrindo negócios também não para de crescer. Pesquisa da Rede Mulher Empreendedora (RME) mostra que 55% das empresárias brasileiras abriram seu negócio nos últimos 3 anos. Destas, 26% abriram o negócio atual durante a pandemia. Muitas delas, porém, empreendem por necessidade e enfrentam dificuldades, como o acesso ao crédito.

“A ideia da websérie surgiu justamente para dar visibilidade à liderança feminina”, diz a professora Nilza Nunes. Os sete episódios  do “Fala pra Gente, Rocinha” contarão histórias de vida e militância de sete moradoras da favela que há anos transformam a Rocinha, ao desenvolver ações sociais e culturais na comunidade. São elas: Michele Silva, do Jornal Fala Roça; Talita Santos, do Grupo Semearte; Magda Gomes e Michelle Lacerda, do Coletivo A Rocinha Resiste; Vera Lúcia Caldeira, da Rede Nacional de Comunidades Saudáveis; Selmita Soares, do Coletivo Tamo Junto Rocinha e Rita Smith (Ritinha), que foi agente comunitária de saúde e desenvolveu um grande trabalho de combate à tuberculose na favela, recebendo premiações e reconhecimento internacional. A série documental foi lançada na plataforma do ECOA PUC-Rio (ecoa.puc-rio.br) e nas redes sociais do Museu Sankofa e do Jornal Fala Roça.

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