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Lava Jato investiga pagamento de R$ 329 milhões em propina pelo Grupo Petrópolis

O presidente do grupo, Walter Faria, é alvo de mandado de prisão preventiva, mas não foi localizado pela PF até o momento

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O presidente do grupo, Walter Faria, é alvo de mandado de prisão preventiva, mas não foi localizado pela PF até o momento
(Foto: Reprodução)

A Polícia Federal (PF) investiga o pagamento de propinas disfarçadas de doações eleitorais pelo Grupo Petrópolis, na 62ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira. De acordo com a PF, o grupo também teria auxiliado a empreiteira Odebrecht a pagar valores ilícitos, por meio da troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior.

A operação denominada Rock City é realizada em cooperação com o Ministério Público Federal e a Receita. A 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná, responsável pela força-tarefa, expediu um mandado de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária e 33 mandados de busca e apreensão. Eles estão sendo cumpridos em 15 municípios nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Também foi determinado o bloqueio de ativos financeiros dos investigados.

O presidente do Grupo Petrópolis, Walter Faria, é o alvo do mandado de prisão preventiva, mas não foi localizado pela PF até o momento. Três executivos ligados ao grupo já foram presos temporariamente. Eles serão levados para a Superintendência da Polícia Federal no Paraná, onde serão interrogados.

De acordo com a PF, Faria já estava envolvido em outras investigações da Lava Jato, como o envolvimento com o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, mas que movimentações recentes de recursos de offshore indicariam tentativa de dissipação de patrimônio adquirido de maneira ilícita. Isso motivou o pedido de prisão e a deflagração da operação desta quarta-feira.

No total, Walter Faria e outros executivos do Grupo Petrópolis teriam atuado na lavagem de cerca de R$ 329 milhões em contas fora do Brasil e movimentado US$ 106 milhões em operações no exterior, segundo o Ministério Público Federal.

Um dos executivos da Odebrecht, em colaboração premiada, afirmou que utilizou o Grupo Petrópolis para realizar doações de campanha eleitoral para políticos de outubro de 2008 a junho de 2014, o que resultou em dívida não contabilizada pela empreiteira com o grupo investigado, no valor de R$ 120 milhões. Em contrapartida, a Odebrecht investia em negócios do grupo.

A suspeita da força-tarefa da Lava Jato é que offshores relacionadas à empreiteira realizavam, no exterior, transferências de valores para offshores do Grupo Petrópolis, o qual disponibilizava dinheiro em espécie no Brasil para realização de doações eleitorais.

Também foi apurado que Walter Faria utilizou o programa de repatriação de recursos do exterior de 2017 para trazer R$ 1,3 bilhão ao Brasil. Contudo, de acordo com a PF, há indícios de que essa movimentação tenha sido irregular e que os recursos seriam provenientes da prática de “caixa dois” na empresa.

Para a PF, o esquema desenvolvido com o Grupo Petrópolis é uma das engrenagens do aparato montado pela Odebrecht para movimentar valores ilícitos. O nome da operação traduzido para o português é “Cidade de Pedra”, significado que remete ao nome do grupo investigado.

O Grupo Petrópolis é dono de marcas de cerveja como Itaipava, Crystal e Petra, além de vodkas e outras bebidas não alcoólicas. Em nota, a empresa informou que “seus executivos já prestaram anteriormente todos os esclarecimentos sobre o assunto aos órgãos competentes” e que “sempre esteve e continua à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos”.

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