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XVII Garota Talavera Bruce elege presas mais belas do instituto penal

No mês da Consciência Negra, evento estimulou a autoestima entre as candidatas e promoveu a valorização da identidade afro-brasileira junto ao efetivo carcerário

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XVII Garota Talavera Bruce elege presas mais belas do instituto penal (Foto: Divulgação)
XVII Garota Talavera Bruce elege presas mais belas do instituto penal (Foto: Divulgação)

Nesta quinta-feira (9), onze privadas de liberdade deixaram de lado por algumas horas o uniforme convencional da prisão (camisa branca e a bermuda jeans) para encarar uma passarela vestidas com verdadeiras divas. Foi a 17ª edição do Garota Talavera Bruce, concurso de beleza que a cada ano elege as custodiadas mais bonitas da unidade prisional que dá nome ao concurso, localizada no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. Promovido pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (SEAP) desde 2004, o evento tem como objetivo trabalhar a autoestima das apenadas, fundamental para a construção do seu processo de ressocialização.

Mais do que uma competição de beleza, o Miss Talavera Bruce representa um importante exercício de restituição da autoestima e de resgate da identidade para as privadas de liberdade. Isso porque, parte das mulheres que estão no sistema prisional, antes de cometerem os crimes pelos quais foram condenadas, passaram por um processo de apagamento da sua individualidade, muitas vezes promovido por seus ex-companheiros. Trabalhar a autoimagem dessas pessoas é, portanto, um passo fundamental para pavimentar o caminho da sua ressocialização”, afirmou a Secretária da Seap, a Inspetora de Polícia Penal Maria Rosa Lo Duca Nebel, que ajudou a compor o júri da competição.

Promovido pela SEAP desde 2004, a edição deste ano teve como tema Raízes Afro-Brasileiras, em celebração ao mês da Consciência Negra. Durante a preparação para o evento, a unidade prisional trabalhou através de diversas atividades junto ao seu efetivo carcerário, na sua maioria mulheres negras, a ressignificação de suas origens e a valorização de sua ancestralidade.

“É de extrema importância promover a conscientização e o reconhecimento étnico dentro das unidades prisionais, já que a maior parte da população carcerária, em sua grande maioria, é negra e muitas desconhecem as suas origens. Além das atividades culturais dentro dessa temática que são realizadas semanalmente dentro das prisões, decidimos abordar o assunto de outras formas dentro do concurso de beleza. Dessa forma, não apenas resgatamos a autoestima das apenadas, mas também apresentamos a elas a oportunidade de valorizar a sua própria história”, afirmou a Coordenadora das Unidades Femininas e LGBTQIA+ da Seap, a Inspetora de Polícia Penal Aline Camilo.

Nesse dia tão especial, no qual completou 81 anos, a Penitenciária Talavera Bruce teve a honra de receber a visita de representantes do Poder Executivo e Judiciário, personalidades e representantes da sociedade civil. Contou também com a presença dos familiares das participantes, que puderam compartilhar com seus entes memórias inesquecíveis, as quais certamente servirão para marcar o início de uma nova história na vida dessas corajosas candidatas.

“Estou muito feliz! Esse concurso representa muito pra gente. É o que eu falo: isso aqui (a prisão) não é um ponto final, é apenas uma vírgula. E hoje nós mostramos que podemos muito mais”, afirmou J. , vencedora do concurso e nova Miss Talavera Bruce, que recebeu como brinde um secador de cabelo. O concurso ainda premiou a segunda e a terceira colocadas, que ganharam, respectivamente, uma prancha de cabelo e um ventilador.

Além do desfile de moda, o evento deste ano contou ainda com apresentações artísticas das privadas de liberdade da unidade prisional, que incluíram uma roda de samba, um sarau literário e uma apresentação de dança.

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