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Baixada Fluminense

‘Estado de miséria e dependência’, dispara delegado sobre caso de homem escravizado na Baixada

José Mario Salomão contou com exclusividade o momento que encontrou a vítima

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Foto Destaque: Divulgação

Durante o Programa Cidinha Livre, realizado nesta terça-feira (28), o Delegado José Mario Salomão deu uma entrevista exclusiva sobre o caso onde um empresário escravizava um funcionário dentro de um pequeno sítio, no bairro de Austin, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

“A vítima passava por situações desumanas, degradantes. O patrão não dava nada para ele, ele não ganhava do patrão, sequer água. Muito menos salário, folga, férias. Ele era entregue à própria sorte, com a atividade de tomar conta do terreno e cuidar da criação de porcos”, começou o delegado.

Quando perguntado pela comunicadora Cidinha Campos se o empresário, Alberique Corrêa de Oliveira, que escravizou o homem tentou se justificar, o delegado contou que em todo momento, o homem afirmou que estava ajudando pois fornecia “abrigo”. Vale ressaltar que a vítima se alimentava da lavagem que era oferecida aos animais.

Lavagem feita para os porcos em que o homem se alimentava (Foto: Reprodução/Divulgação)

“O ser humano às vezes, entra em estado de miséria e de dependência, que ele fecha as portas para si mesmo. O maior guia da gente é a nossa liberdade de pensamento, enquanto a gente está em condição plena de pensar e de buscar saída, ele sempre vai encontrar saída. Mas quando a gente entra no fundo do poço e se sente desamparado e desprotegido, nos tornamos vulneráveis a qualquer tipo de ideia.”, declarou José Mario Salomão explicando a realidade em que a vítima sofria e não pediu ajuda.

Ele ainda falou brevemente sobre a Síndrome de Estocolmo: “O Sequestrado passa a idolatrar seu carrasco, esse fato, quando você se depara com situações parecidas, o vitimado não consegue enxergar essa condição, ele tá tão para baixo, tão sem esperança, que ele acha que aquilo é o mundo dele.”

Além disso, José Mario Salomão contou com exclusividade o momento que encontrou a vítima e disse que o homem estava desorientado e possivelmente não encontrava com sua família a mais de 5 anos. “Tiraram dele a dignidade, tiraram dele uma das condições básicas que qualquer ser humano precisa”, disse. 

Foi discutido também, sobre a cultura da escravidão e como a família do empresário que cometeu o crime sabia sobre o que estava acontecendo e agia com normalidade. Durante a conversa, foi falado que o homem bebia a urina dos porcos que cuidava. “A cultura de escravizar o próximo, que coloca o outro para trabalhar o mais barato possível ou até mesmo de graça, é uma cultura que a gente carrega”, explica.

O Serviço Social de Nova Iguaçu está investigando sobre a família da vítima e está com uma linha de diligência para Minas Gerais, estado de origem do homem, para tentar localiza-los. Ademais, o Ministério do Trabalho e a Auditoria Fiscal do Trabalho estão trabalhando no caso. 

Quando perguntado sobre a saúde da vítima, o delegado afirmou que aparenta estar bem doente e que foi imposto por ele, para que ele fosse ao hospital e fizessem exames.

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