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Há 70 anos, nascia a TV Tupi e a TV brasileira

Emissora foi pioneira no país, segunda na América Latina e a quarta em todo o mundo

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Emissora foi pioneira no país, segunda na América Latina e a quarta em todo o mundo (Foto: Reprodução)

Emissora foi pioneira no país, segunda na América Latina e a quarta em todo o mundo
(Foto: Reprodução)

O dia 18 de setembro é uma data importante para a comunicação brasileira. Há 70 anos, chegava ao país um novo veículo, que iria mudar o hábito e o cotidiano de toda uma nação: era realizada a primeira transmissão televisiva em território brasileiro. Nascia ali a TV Tupi, pioneira no Brasil, segunda na América Latina e a quarta em todo o mundo.

Tudo começou em 1949, quando os Diários Associados iniciaram os estudos para a montagem de uma emissora de televisão em São Paulo. Quase um ano e meio depois, o projeto finalmente saiu do papel quando o empresário e jornalista Assis Chateaubriand recebeu, naquele 18 de setembro, os equipamentos vindos do Porto de Santos e colocou no ar, exatamente às 22 horas, a TV Tupi-Difusora.

Em um pequeno estúdio, Chateaubriand fez as honras e comandou a solenidade. O evento contou com a participação do cantor mexicano Frei José Mojica, que ficou responsável por entoar “A canção da TV”, hino composto pelo poeta Guilherme de Almeida, além das atrizes Yara Lins e Lolita Rodrigues. Esta última, cantou o Hino Nacional do Brasil, em substituição a Hebe Camargo, que anos mais tarde ganhou o título de “Rainha da TV Brasileira”, mas na época faltou a cerimônia para namorar.

Era tudo muito novo, tanto que nem existiam aparelhos de TV no Brasil. Por conta disso, Chateaubriand precisou importar televisores para que a emissora que seria inaugurada tivesse público. Para estreia, 22 pontos da capital financeira do país foram escolhidos e reuniram uma verdadeira multidão de curiosos para acompanhar o que surgia ali.

No ano seguinte, mais uma praça recebeu a novidade. Em 20 de janeiro de 1951, a TV Tupi do Rio de Janeiro era inaugurada, com toda pompa e circunstância, com uma grande cerimônia direto dos estúdios instalados no antigo prédio do Cassino da Urca. Somente em 1952, que a primeira emissora concorrente da TV Tupi surgiria: a TV Paulista. Nesta mesma década, outros canais também nasceram, como a TV Record em 1953, a TV Rio e a TV Itacolomi (emissora dos Diários Associados em Belo Horizonte) em 1955, além da TV Continental e da TV Piratini (emissora dos Diários Associados em Porto Alegre) em 1959.

Na década seguinte, aquele que viria a se tornar o principal produto da TV brasileira ganhou forma: as telenovelas. Oriundas das radionovelas, elas viriam substituir os teleteatros, muito populares nos primeiros anos, no novo veículo. Apesar da primeira novela ter sido feita em 1951, pela TV Tupi de São Paulo, o formato diário, tão característico do gênero, teve começo apenas em julho de 1963, quando a extinta TV Excelsior estreou o folhetim 2-5499 Ocupado, estrelado por Tarcísio Meira e Glória Menezes.

É neste período que a novela brasileira ganha também outro elemento característico: a representação do cotidiano do brasileiro. Antes inspiradas em histórias de capa e espada, importadas de outros países, a TV Tupi era novamente pioneira ao lançar “Beto Rockfeller” em novembro de 1968. Idealizada pelo ator Luiz Gustavo (que interpretou o personagem título) e pelo escritor e diretor Cassiano Gabus Mendes, a trama ganhou vidas com texto de Braúlio Pedroso e direção de Lima Duarte e Walter Avancini. Um projeto ousado, que virou referência para o que veio depois.

Graças a “Beto Rockfeller”, autores como Janete Clair ganharam espaço na concorrência. A TV Globo, na ânsia de disputar o primeiro lugar com a TV Tupi, apostou na novelista de texto realista, que emplacou sucessos como “Véu de Noiva” (1969) e “Irmãos Coragem” (1970 -1971) que consagram o gênero na preferência do brasileiro e ajudaram a emissora dos Marinho a atingir a liderança.

Com a morte de Chateaubriand no final dos anos 60, a Tupi passou a conviver com crises internas e problemas financeiros. Aliado a isso, a relação complicada da direção da emissora com o Governo Federal culminou na cassação das concessões da rede em 18 de julho de 1980. Outras emissoras nasceram em seguida, como o SBT e a TV Manchete, porém esta última também não resistiu à crises que envolveram sua história. Mas a TV brasileira se manteve firme e permaneceu em primeiro lugar em termos de audiência, de preferência do público e de interesse do mercado publicitário por longos anos, fator importante para manter o setor em funcionamento.

Porém hoje, apesar de consolidada, a televisão sofre uma constante renovação, tanto pela multiplicação de mídias quanto por fatores econômicos e sociais, como exemplo a pandemia do novo coronavírus. Se antigamente, as produções contavam com plateias e muitas pessoas nos bastidores, hoje as atrações são realizadas com cautela, sem o público e com participações remotas. É o efeito da tecnologia e dos novos tempos impactando no produto televisão.

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