A comédia sobrenatural que conquistou a TV americana com alma e humor

Misturando humor leve, elementos sobrenaturais e personagens carismáticos, a produção conquistou o público com sua proposta acessível e criativa.

Baseada na série britânica homônima criada pelo grupo de comédia "Horrible Histories", a versão americana segue seu próprio caminho e desenvolve uma identidade própria, adaptando o conceito ao gosto do público local sem perder o charme da ideia original.

A trama gira em torno de Samantha e Jay, um jovem casal que herda uma antiga e deteriorada mansão no interior de Nova York. Dispostos a reformar o local e transformá-lo em uma pousada, eles não imaginam que a propriedade é habitada por uma série de fantasmas que morreram ali ao longo de diferentes épocas.

Após sofrer um acidente, Samantha passa a ver e ouvir os fantasmas, o que dá início a uma convivência inusitada entre vivos e mortos.

Com essa premissa simples, a série constrói episódios divertidos e surpreendentemente humanos, equilibrando comédia, sensibilidade e até momentos de reflexão.

Um dos principais motivos do sucesso de "Ghosts" é seu elenco bem escalado e repleto de química. Rose McIver interpreta Samantha com naturalidade e carisma, dando vida a uma personagem que, mesmo diante de uma situação absurda, se mantém empática e determinada.

McIver já era conhecida do público por seu trabalho como protagonista da série iZombie, mas em "Ghosts" ela assume um papel mais cômico e leve, sem perder a profundidade emocional.

Utkarsh Ambudkar, no papel de Jay, é o contraponto ideal: cético, prático e constantemente confuso com as interações entre a esposa e os fantasmas, ele traz humor sutil e atuações espontâneas que enriquecem os episódios.

O grande diferencial da série, no entanto, está nos próprios fantasmas. Cada um representa uma época e carrega uma personalidade distinta, o que permite que os roteiristas brinquem com diferentes estilos de humor e conflitos geracionais.

Entre os destaques do elenco estão Brandon Scott Jones como Isaac, um aristocrata da Guerra de Independência; Danielle Pinnock como Alberta, uma cantora de jazz dos anos 1920; Richie Moriarty como Pete, um escoteiro sempre otimista; e Devan Chandler Long como Thorfinn, um viking barulhento e... sensível.

Os criadores Joe Port e Joe Wiseman foram responsáveis por adaptar a versão britânica ao universo americano. Eles mantiveram a estrutura básica da série original, mas criaram um novo grupo de fantasmas e reformularam o estilo narrativo para agradar a um público acostumado a comédias mais lineares e emotivas.

O resultado do trabalho da dupla é uma série que combina piadas bem construídas com uma atenção especial ao desenvolvimento dos personagens.

Ao longo das temporadas, os fantasmas ganham profundidade, revelando detalhes sobre suas vidas e mortes, e construindo uma convivência cada vez mais próxima com Samantha.

Outro fator que contribui para o apelo da série é sua abordagem acolhedora. Apesar de lidar com temas como morte, solidão e arrependimento, ela nunca perde o tom leve e esperançoso.

A mansão mal-assombrada torna-se, aos poucos, um lar - tanto para os vivos quanto para os mortos. É esse senso de comunidade e pertencimento que dá ao programa sua força emocional e ajuda a diferenciar a série de outras comédias sobrenaturais.

Com uma audiência sólida e críticas positivas, "Ghosts" foi renovada para múltiplas temporadas. Em 2025, a série já alcançava sua terceira temporada, com novos episódios mantendo o frescor da proposta original.

O sucesso também se refletiu nas redes sociais, onde os fãs compartilham teorias, cenas favoritas e elogios ao elenco.

A série se tornou uma presença constante entre as comédias mais vistas da TV americana e já é considerada uma das adaptações mais bem-sucedidas da televisão recente.

Embora seja inspirada na série britânica (foto), a versão americana conseguiu trilhar um caminho próprio, conquistando o coração do público com humor afetuoso, personagens únicos e roteiros bem escritos.

A série, além de ser uma comédia sobre fantasmas, serve como um lembrete de que até as almas perdidas podem encontrar um lugar para chamar de lar. Ainda que esteja esteja cheio de paredes rangendo.