Alpinista é deixada para morrer após quebrar a perna e ficar isolada em montanha do Quirguistão

No dia 12 de agosto, Natalia Nagovitsyna, de 48 anos, quebrou a perna ao tentar salvar seu parceiro, Roman Mokrinsky, durante uma descida do Pico da Vitória, local próximo ao Everest.

No mesmo dia, Roman deixou o local para procurar ajuda para a colega. Eles estavam a uma altitude de mais de 7 mil metros.

No dia 15 de agosto, um amigo que tentou ajudá-la, o italiano Lucas Sinegalia, acabou morrendo com queimaduras de frio e um possível edema cerebral.

As operações de resgate foram dificultadas pelo clima severo, com temperaturas de -30°C e ventos de quase 100 km/h.

Onze dias após o incidente, um drone chegou a registrar Natalia viva em uma barraca.

No dia 23 de agosto, a operação de resgate foi suspensa após os socorristas classificarem a missão como "impossível".

Foram várias as tentativas de salvar Natalia. Uma equipe de escaladores precisou interromper a missão após o líder passar mal.

Um helicóptero envolvido no resgate precisou realizar um pouso forçado na neve e chegou a ficar de ponta-cabeça no solo por conta do terreno instável.

"Sabemos onde se encontra, mas é impossível acessar", disse Dmitri Grekov, chefe do campo base do Pico Vitória.

De acordo com ele, "nunca ninguém foi evacuado" dessa altitude nesta montanha.

"É impossível fazer isso manualmente, apenas de helicóptero, mas no Quirguistão não há helicópteros capazes de realizar essa operação", acrescentou.

O drama foi ainda maior pelo fato de o marido de Natalia, Sergei Nagovitsyn, ter morrido na mesma montanha em 2021.

Natalia estava presente na expedição e relatos indicam que ela permaneceu ao lado do marido incapacitado até a chegada da equipe de resgate.

Com 7.439 metros de altitude, o Pico da Vitória é o ponto mais alto da cordilheira Tian Shan.

É um dos mais desafiadores do mundo para escaladas, em grande parte por sua localização remota e condições extremas.

O local é famoso pelas temperaturas rigorosas, pelo clima severamente frio e pela curta janela de tempo disponível para expedições.

Esta montanha integra a seleta lista dos "Leopardos das Neves", uma honrosa distinção concedida aos cinco cumes mais altos da ex-União Soviética.

Conquistar todos eles é um dos maiores feitos do alpinismo, uma honra alcançada por apenas cerca de 700 pessoas, das quais aproximadamente 30 são mulheres.