O sítio arqueológico do Cais do Valongo, na Zona Portuária do Rio de Janeiro carrega muita cultura e a história dos escravos. Assim, o governo federal sancionou a Lei 15.203, que reconhece o local como patrimônio histórico-cultural afro-brasileiro essencial à formação da identidade nacional.
Dessa forma, a medida estabelece diretrizes para a proteção do espaço em decorrência do título de Patrimônio Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Crédito: Divulgação/Marcelo MenaVale lembrar que o Cais do Valongo foi reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 2017, por sua relevância na história das pessoas escravizadas trazidas da África para o Brasil.
Crédito: DivulgaçãoPara isso, terá, no espaço, a elaboração de projetos voltados à preservação e à divulgação da história da diáspora africana e do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas.
Crédito: Divulgação/Oscar Liberal/IphanA lei prevê a destinação de recursos da União, do Governo do Estado, do poder municipal e de convênios e doações que podem ser de ONGs ou até de governos estrangeiros.
Crédito: Divulgação/Oscar Liberal/IphanO Cais do Valongo foi um porto onde mais de um milhão de africanos escravizados desembarcaram entre 1811 e 1831. Ele se tornou um importante sítio arqueológico e um símbolo do tráfico transatlântico de escravos e da cultura afro-brasileira.
Crédito: Divulgação/Tânia Rêgo/Agência BrasilDessa forma, a região do Cais do Valongo possui cerca de 350 metros de comprimento e vai da Rua Coelho e Castro até a Sacadura.
Crédito: Wikimedia Commons/D.SicariusFoi construído em 1811, pela Intendência Geral de Polícia da Corte do Rio de Janeiro, para centralizar o desembarque de africanos escravizados, antes concentrados no centro da cidade.
Crédito: Divulgação/Fernando Frazão/Agência BrasilAté meados da década de 1770, os escravizados desembarcavam na Praia do Peixe, atual Praça XV, e eram negociados na Rua Direita, hoje Rua 1º de Março, no centro do Rio de Janeiro, à vista de todos.
Crédito: Divulgação/Porto MaravilhaO mercado, então, foi transferido, mas ainda não havia o ancoradouro. Assim, a alternativa encontrada foi desembarcar os escravizados na alfândega e imediatamente enviá-los de bote ao Valongo, de onde saltariam diretamente na praia.
Crédito: Divulgação/Tomaz Silva/Agência BrasilA partir de 1808 o tráfico quase dobrou, acompanhando o crescimento da cidade que, após a transferência da corte portuguesa para o Brasil, passou de 15 mil para 30 mil habitantes.
Crédito: Divulgação/Tânia Rêgo/Agência BrasilEm 1831, o tráfico transatlântico de escravos foi proibido, por pressão da Inglaterra, e o Valongo foi fechado. Os traficantes passaram então a fazer o desembarque em portos clandestinos.
Crédito: Digulgação/IDGEm 1843, o cais foi reformado para o desembarque da princesa Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, que viria a se casar com o imperador D. Pedro II.
Crédito: Tomaz Silva / Agência BrasilEntre 1850 e 1920, a área em torno do antigo cais tornou-se um espaço ocupado por negros escravizados ou libertos de diversas nações.
Crédito: Divulgação/Fernando Frazão/Agência BrasilO local foi então rebatizado 'Cais da Imperatriz'. Mas este também acabaria por ser enterrado em 1904, durante a reforma urbana empreendida pelo prefeito Pereira Passos.
Crédito: DivulgaçãoA região ao redor do cais era conhecida como Pequena África, um espaço vibrante de manifestações culturais. Este título foi dado pelo pintor e sambista Heitor dos Prazeres, enredo da Unidos de Vila Isabel para o Carnaval 2026.
Crédito: Tomaz Silva / Agência BrasilEm 2011, durante as escavações realizadas como parte das obras de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, foram descobertos os dois ancoradouros: Valongo e Imperatriz.
Crédito: Marcelo Piu / Prefeitura do RioAlém deles, foi encontrada uma grande quantidade de amuletos e objetos de culto originários do Congo, de Angola e Moçambique.
Crédito: Marcelo Piu / Prefeitura do RioO Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, na atualidade, além do seu enorme valor arqueológico intrínseco, é também compreendido como um memorial a céu aberto do tráfico atlântico de cativos africanos.
Crédito: domínio públicoO ressurgimento do Cais do Valongo a céu aberto trouxe para as proximidades do sítio arqueológico outros grupos culturais e manifestações ligados à celebração das heranças africanas.
Crédito: Joshua Hanson UnsplashPraticantes de capoeira, fiéis de religiões de matriz africana, músicos ligados ao samba e outros ritmos e danças afro-brasileiros passaram a celebrar sua fé e sua cultura no local.
Crédito: Fernando Carrillo - FLICKRO samba e a capoeira foram manifestações culturais que floresceram nesta região. A Pequena África se tornou ponto de encontro da comunidade negra, onde ocorriam cultos, moradia e atividades culturais.
Crédito: Domínio PúblicoO local representa a resistência, a liberdade e a herança cultural dos africanos e seus descendentes, pois valoriza a cultura de matriz africana e a luta pela implementação de direitos humanos.
Crédito: Marcelo Piu / Prefeitura do RioEntre os direitos fundamentais da pessoa humana está o direito à memória. Ter direito à memória significa não apenas poder recordar e afirmar livremente sua própria história como obter seu reconhecimento social.
Crédito: Social History Archive Unsplash