A trágica morte do jovem de 19 anos, Gerson Melo Machado, que invadiu o recinto dos leões de um zoológico em João Pessoa, chamou a atenção para um problema comum no Brasil e em outros países.
Diante dos olhares perplexos dos visitantes do zoológico, o rapaz, que havia sido recém-libertado da prisão, desceu de uma árvore e foi atacado por uma leoa.
Crédito: Reprodução/Redes SociaisApós o ocorrido, descobriu-se que Gerson acumulava episódios de psicose, possível deficiência intelectual, crises frequentes, suporte familiar frágil — a mãe também sofre de esquizofrenia — e sucessivas passagens pelo sistema penal.
Crédito: Reprodução/Redes SociaisApesar das tentativas de controle medicamentoso na prisão, ao ser liberado ele foi encaminhado a um serviço sem condições de atender alguém em surto grave.
Crédito: Reprodução/TV Cabo BrancoPara a conselheira tutelar que o acompanhou, o que aconteceu foi uma “tragédia anunciada”.
Crédito: Reprodução/Redes SociaisO caso, que parecia apenas excêntrico, na verdade segue um roteiro conhecido por quem trabalha com vulnerabilidade social e saúde mental no Brasil.
Crédito: Reprodução/PMPBUm relato da psicóloga clínica e doutora pela Unifesp, Ilana Pinsky, para a Veja, trouxe um novo olhar para a história de Gerson.
Crédito: Reprodução/Jornal da GazetaSegundo ela, na década de 1980, casos psiquiátricos graves no Brasil eram tratados de uma forma desleixada.
Crédito: Nik Shuliahin/UnsplashNa época, os hospitais eram superlotados, pacientes ficavam largados, dopados e sem contato familiar. Em 1989, surgiu a Reforma Psiquiátrica brasileira, um movimento social e político que buscou a desinstitucionalização do tratamento em saúde mental.
Crédito: Reprodução/TV GloboO objetivo foi substituir a lógica manicomial, baseada no isolamento e internação de longa permanência, pelos chamados Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Crédito: Divulgação/Prefeitura de ItaquaquecetubaMas as transformações não acompanharam completamente as necessidades do país. Hoje, embora essenciais, os CAPS operam majoritariamente como ambulatórios, sem capacidade para acolher crises intensas.
Crédito: Divulgação/SemucPoucos funcionam 24 horas, há carência de leitos e muitas vezes não há como conter surtos sem apoio familiar.
Crédito: Divulgação/Leonardo Silveira/Prefeitura de VitóriaO problema não é exclusivo do Brasil. Nos Estados Unidos, a redução dos hospitais psiquiátricos sem a criação de substitutos robustos fez com que prisões se tornassem as soluções para saúde mental.
Crédito: Andrew Smith wikimedia commonsDados epidemiológicos de 2024 (reunindo 85 estudos em países desenvolvidos) demonstram que cerca de 67% das pessoas em situação de rua sofrem de transtornos mentais graves.
Crédito: Nick Fewings/UnsplashSegundo Ilana Pinsky, isso evidencia que a falta de serviços não leva as pessoas à liberdade, mas sim ao desamparo, à rua ou à prisão.
Crédito: FreepikEla defende que, em vez de uma regressão manicomial, o Brasil necessita de uma modernização da rede com mais leitos de qualidade, unidades de crise e serviços residenciais eficazes.
Crédito: PixabayNo Brasil, transtornos de ansiedade, depressão, transtorno bipolar, transtornos obsessivo–compulsivos (TOC) e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) são alguns dos problemas psiquiátricos mais comuns.
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