Fernanda Abreu: a trajetória da ‘Garota Sangue Bom’ que ajudou a popularizar o funk carioca

É a filha mais velha da bibliotecária carioca Vera Marina Sampaio de Lacerda e do arquiteto português Armando Abreu. Tem um irmão que se chama Felipe Abreu. Seus pais, contudo, já são falecidos.

Formada em balé clássico pela academia Tatiana Leskova, Fernanda também estudou dança contemporânea, violão e canto. Cursou faculdade de Sociologia, conciliando os estudos com sua capacitação artística.

Embora não tenha seguido carreira acadêmica como pesquisadora ou professora universitária na área da Sociologia, tal formação contribuiu para sua visão crítica e engajada sobre temas urbanos e sociais,

Fernanda Abreu iniciou sua vida musical como backing vocal da banda Blitz em 1982, ao lado de Evandro Mesquita, sendo parte do movimento do Rock Brasil. Ela permaneceu no grupo até 1986.

Lançou o primeiro álbum solo, em 1990. Intitulado "SLA Radical Dance Disco Club", a obra teve influências de Madonna e Prince, e samplers de “Lady Marmalade” e “Vogue”.

A música “Rio 40 Graus”, cujo lançamento ocorreu em 1992, virou hino informal do Rio de Janeiro, misturando hip hop, funk e disco music, e abordando o caos urbano.

Três anos depois, no álbum “Da Lata”, Fernanda aparece sem roupa no encarte, coberta por sucata. O álbum misturou pop, rhythm and blues e funk, com destaque para “Veneno da Lata”.

Lançada em 1997, a coletânea “Raio X” trouxe versões novas de seus maiores sucessos e sete faixas inéditas. “Kátia Flávia” virou hit. Já o álbum “Entidade Urbana”, em 2000, apresentou letras sobre metrópoles em faixas como “Baile da Pesada” e “São Paulo - SP”.

A cantora misturou ritmos brasileiros com influências asiáticas como bhangra. "Na Paz”, de 2004, marcou a criação de sua gravadora Garota Sangue Bom. Dois anos depois, participou do DVD “MTV ao Vivo”, que reuniu seus sucessos "Garota Sangue Bom", "Rio 40 Graus" e "Kátia Flávia".

Por sua grande contribuição ao gênero musical, Fernanda Abreu passou a ser considerada a mãe do pop dançante brasileiro, misturando samba, funk, soul, rhythm and blues e música eletrônica com coreografias marcantes.

A artista carioca teve parcerias com grandes nomes nacionais, como Gilberto Gil, Lenine, Planet Hemp, Mart’nália, Carlos Lyra e Roberto Carlos.

Fernanda Abreu também formou uma dupla de sucesso ao lado de DJ Marlboro, com quem ajudou a popularizar o funk carioca nas rádios.

Embora suas colaborações internacionais não sejam tão numerosas quanto as nacionais, Fernanda incorporou samplers de artistas do porte de Madonna e Labelle em seus álbuns. Apresentou-se na Europa com o sucesso “Veneno da Lata”, expandindo sua influência musical.

Fernanda Abreu participou de festivais internacionais como Montreux Jazz Festival (Suíça), La Cigale (França), Le Printemps de Bourges (França), Hot Brass (França), Kuz-Sommer (Alemanha) e Les Festives de Font Robert (França).

Em 2008, a cantora interrompeu projetos após sua mãe entrar em coma. Enquanto deu uma pausa na carreira, recebeu honrarias em reconhecimento à sua contribuição cultural, como a Ordem do Mérito Cultural do Brasil (2009), o título de Cidadã Benemérita do Rio e a Medalha Chiquinha Gonzaga, ambas em 2010.

Fernanda retornou à carreira em 2015 após a morte da mãe no ano anterior. Lançou “Amor Geral” (2016), disco que celebrou o amor em todas as suas formas. Em março de 2020, veio um novo baque, com a morte do pai.

Em relação a trabalhos na televisão, Fernanda participou de um especial da Rede Globo que misturava musical e dramaturgia, com roteiro e personagens durante sua época na banda Blitz.

Apaixonada pelo Carnaval, Fernanda Abreu tem uma relação especial com a Estação Primeira de Mangueira. Interpretou o “Samba Mangueira 2010”, participou de eventos da escola e colaborou com a Velha Guarda da agremiação. Já foi destaque em desfiles e atração principal no camarote VerdeRosa, um dos mais exclusivos da Sapucaí, em 2025.

Atualmente, o perfil oficial de Fernanda Abreu no Instagram (@fernandaabreureal) tem cerca de 196 mil seguidores, com uma taxa de engajamento de aproximadamente 0,45% que reflete sua base fiel de fãs e presença digital consolidada.

A cantora carioca tem duas filhas, Sofia e Alice, fruto do primeiro casamento com o designer e artista plástico Luiz Stein. Ela se casou pela segunda vez em 2012, com o baterista Tuto Ferraz, mantendo, assim, uma parceria pessoal e profissional.