Entre as florestas silenciosas da Ásia e da África, um pequeno mamífero vive de forma tão discreta que muitos sequer sabem de sua existência. Com o corpo coberto por escamas, hábitos noturnos e movimentos lentos, o pangolim parece uma criatura saída de um conto fantástico.
No entanto, sua aparência peculiar não lhe garante proteção: esse animal é, na realidade, a espécie de mamífero mais traficada do mundo.
Crédito: Flickr BertoEstima-se que milhões tenham sido capturados ilegalmente apenas na última década, especialmente por causa da crença, sem comprovação científica, de que suas escamas possuem propriedades medicinais.
Crédito: verdammelt/Wikimédia CommonsAo mesmo tempo, sua carne é considerada uma iguaria em alguns países, o que alimenta ainda mais a perseguição ao animal.
Crédito: Flickr Philipp StrobelA discrição é a principal arma do pangolim para sobreviver. Ao menor sinal de ameaça, ele se enrola em uma bola perfeitamente blindada por escamas de queratina - a mesma substância das unhas humanas.
Crédito: Flickr LebatihemMas diante de caçadores e traficantes, essa estratégia se revela ineficaz. Incapazes de correr ou atacar, esses animais são facilmente recolhidos e transportados ilegalmente.
Crédito: Shukran888/Wikimédia CommonsSuas populações vêm caindo drasticamente, e todos os seus representantes estão hoje sob alguma categoria de ameaça, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Crédito: Reprodução do FacebookExistem oito espécies conhecidas de pangolins: quatro vivem na Ásia e quatro na África. Cada uma delas tem características e comportamentos distintos, mas todas compartilham o mesmo destino de risco.
Crédito: - Reprodução de FacebookO pangolim-indiano vive em regiões secas do subcontinente indiano, incluindo Índia, Nepal, Sri Lanka e Paquistão. Tem escamas grandes e cauda curta, sendo adaptado ao solo. Embora ainda relativamente comum em algumas áreas, já é classificado como espécie em perigo.
Crédito: Sandip kumar/Wikimédia CommonsO pangolim-chinês é encontrado em partes da China, Vietnã e Taiwan. É pequeno, arborícola e de hábitos noturnos. Sofre intensa pressão de caça, o que o colocou na categoria de criticamente ameaçado. É uma das espécies mais traficadas do mundo.
Crédito: Domínio Público/Wikimédia CommonsNa região do Sudeste Asiático, especialmente em países como Indonésia, Malásia e Tailândia, vive o pangolim-malaio. De cauda longa e preênsil, adapta-se bem à vida em árvores. Também está criticamente ameaçado, devido à caça e à destruição de seu habitat.
Crédito: Ari hidayat99/Wikimédia CommonsJá o pangolim-das-filipinas habita exclusivamente as ilhas Palawan. Tem escamas mais finas e um corpo menor, com hábitos bastante tímidos. É considerado uma espécie em perigo, e sua população continua em declínio, apesar de restrições legais.
Crédito: Shukran888/Wikimédia CommonsNa África, o pangolim-terrestre-comum se distribui por países como África do Sul, Zimbábue e Botsuana. Vive no solo, cava túneis e prefere savanas e regiões secas. É classificado como vulnerável, principalmente pela caça ilegal.
Crédito: Masteraah/Wikimédia CommonsO pangolim-gigante, como o nome sugere, é o maior da família. Pode ultrapassar 1,5 metro de comprimento e pesar mais de 30 quilos. Vive em florestas tropicais da África Central e Ocidental, e também está sob risco de extinção.
Crédito: Reprodução de FacebookOutro africano notável é o pangolim-de-barriga-branca, ágil e arborícola, presente em diversas regiões da África Ocidental e Central. Muito caçado por sua carne, está listado como espécie em perigo.
Crédito: DivulgaçãoPor fim, o pangolim-de-barriga-negra é uma das espécies menos estudadas. Vive em florestas densas e se desloca principalmente pelas árvores. Pouco se sabe sobre sua população, e a IUCN classifica sua situação como dados insuficientes.
Crédito: U.S. Fish and Wildlife Service Headquarters/Wikimédia CommonsApesar das diferenças, todas as espécies enfrentam os mesmos desafios. O comércio ilegal é um inimigo persistente, que alimenta uma cadeia criminosa transnacional.
Crédito: Flickr stapleton.ronnieMesmo com leis que proíbem sua caça e comércio, o mercado negro segue forte, impulsionado por crenças tradicionais e pela demanda por status social associada à carne do pangolim.
Crédito: Flickr flowcommAlém disso, esses animais se reproduzem lentamente, o que dificulta a recuperação das populações. Uma fêmea geralmente dá à luz apenas um filhote por gestação, tornando o impacto da caça ainda mais grave.
Crédito: Flickr Tikki Hywood TrustComo vivem de maneira isolada, em grandes áreas, capturar poucos indivíduos pode comprometer uma população inteira. Nos últimos anos, houve avanços tímidos na conscientização global. Campanhas de ONGs e ações de governos tentam frear o tráfico, mas o caminho ainda é longo.
Crédito: Flickr Lara LuzEm 2016, todos os pangolins foram incluídos no Anexo I da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES), que proíbe qualquer comércio internacional. Mesmo assim, redes de contrabando continuam operando, muitas vezes com a conivência de autoridades locais.
Crédito: Charles J. Sharp/Wikimédia CommonsA vida secreta dos pangolins, que antes lhes garantia discrição e proteção, agora os torna alvos fáceis. Pouco conhecidos pelo público em geral, seguem sofrendo em silêncio.
Crédito: Flickr shadowlilySalvar esses animais exige não apenas ação política e legal, mas também empatia. Conhecer suas histórias é o primeiro passo para garantir que não desapareçam de vez, soterrados pelo peso do tráfico e do descaso.
Crédito: Piekfrosch/Wikimédia Commons