A palmeira Talipot, espécie rara que floresce apenas uma vez na vida, virou atração no Rio de Janeiro. Ela está em destaque no Aterro do Flamengo e no Jardim Botânico, encantando moradores e turistas. A floração inédita transformou o fenômeno natural em verdadeiro espetáculo urbano.
A Talipot leva de 40 a 70 anos para florescer e morre logo após esse processo. Neste ciclo único, a planta produz mais de 5 milhões de flores que viram frutos em cerca de um ano. A beleza da floração e da despedida atrai olhares e admiração pela sua grandiosidade.
Crédito: Foto: Instituto Água/ReproduçãoIntroduzida no Aterro na década de 1960 por Burle Marx, a Talipot é símbolo do paisagismo carioca. Dois exemplares também foram plantados no Jardim Botânico e florescem nesta primavera. A presença dessas árvores reforça o valor histórico e ambiental dos espaços públicos do Rio.
Crédito: Reprodução TV GloboCoordenador e pesquisador de Coleções Vivas do Jardim Botânico do Rio, Marcus Nadruz destacou que a morte da Talipot é um espetáculo à parte. Segundo ele, a planta fica ainda mais bonita antes de partir, tornando o ciclo algo poético. O momento raro virou programa turístico até para os próprios cariocas.
Crédito: Reprodução TV GloboJá no Jardim Botânico, o espetáculo das sumaúmas ganhou o apelido de “neve tropical” pelos cariocas. Entre setembro e novembro, os frutos se rompem e liberam sementes envoltas por fibras leves como algodão. O chão se transforma em um tapete branco, lúdico e instagramável, atraindo visitantes e fotógrafos.
Crédito: Reprodução Instagram @jardimbotanicorjA sumaúma pertence à mesma família do algodão e usa a paina como vetor de dispersão. Quando o fruto se abre, o vento carrega as sementes, garantindo a preservação da espécie. Ainda segundo Nadruz, diferentemente das talipots, ela concentra energia apenas em flores e frutos.
Crédito: Reprodução Instagram @jardimbotanicorjResponsável por introduzir o paisagismo modernista no Brasil e um dos primeiros a utilizar plantas nativas em seus projetos, Roberto Burle Marx nasceu em 4/8/1909 e se tornou artista plástico e paisagista de renome. Saiba mais sobre a vida dele!
Crédito: San Luis Obispo/Wikimédia CommonsNascido em São Paulo, Burle Marx foi filho de Wilhelm Marx, judeu alemão comerciante de couro, e de Cecília Burle, pernambucana, descendente de franceses.
Crédito: Marcio Scavone/Wikimédia CommonsO casal, que residia no bairro da Boa Vista no Recife, mudou-se para São Paulo quando Cecília estava grávida, tendo Roberto nascido na capital paulista aos quatro dias do mês de agosto de 1909.
Crédito: DivulgaçãoA mãe era uma exímia pianista e cantora e despertou nos filhos o amor pela música e pelas plantas. Roberto a acompanhava, desde muito pequeno, nos cuidados diários com as rosas, begônias, antúrios, gladíolos, tinhorões e muitas outras espécies que plantava em seu jardim.
Crédito: Reprodução Guia de ArteOs negócios da família começaram a ir mal em São Paulo, o que fez com que seu pai resolvesse mudar-se para o Rio de Janeiro, em 1913. Quando a nova empresa de exportação e importação de couros de Wilhelm Marx começou a ter resultados positivos, finalmente se mudaram para um casarão no Leme.
Crédito: DivulgaçãoAlém de paisagista, Burle Marx foi arquiteto, desenhista, gravador, litógrafo, escultor, tapeceiro, ceramista, designer de joias e decorador. Em 2023, o Senado Federal reinstalou tapeçaria criada pelo artista que havia sido danificada por vândalos durante a invasão ao Congresso Nacional.
Crédito: Waldemir Barreto/Agência BrasilUm artista completo que mudou-se com a família para a Alemanha em 1928 e entrou em contato com obras de Vincent van Gogh (1853-1890), Pablo Picasso (1881-1973) e Paul Klee (1879-1940).
Crédito: DivulgaçãoDurante a estadia na Alemanha, Burle Marx estudou pintura no ateliê de Degner Klemn. De volta ao Rio, em 1930, Lúcio Costa o incentivou a ingressar na Escola de Belas Artes, Marx conviveu na universidade com nomes como Oscar Niemeyer, Hélio Uchôa, Milton Roberto, entre outros.
Crédito: Reprodução SEFA GOVO primeiro projeto de jardim público idealizado por ele foi a Praça de Casa Forte, em Recife, em 1934. Nesse mesmo ano, assumiu o cargo de Diretor de Parques e Jardins do Departamento de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco.
Crédito: Divulgação Prefeitura de PernambucoNesse cargo, Burle Marx fez uso intenso da vegetação nativa nacional e passou a ganhar grande destaque, sendo convidado a projetar os jardins do Edifício Gustavo Capanema (então Ministério da Educação e da Saúde).
Crédito: Reprodução JT NewsA Praça Euclides da Cunha (conhecida como Cactário Madalena) foi ornamentada com plantas da caatinga e do sertão nordestino. Ele buscou livrar os jardins do "cunho europeu", semeando a alma brasileira e divulgando o "senso de brasilidade".
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxParticipou de um grupo do movimento arquitetônico modernista (junto com Luís Nunes, da Diretoria de Arquitetura e Construção, e Attílio Corrêa Lima, responsável pelo Plano Urbanístico da cidade).
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxAtuou nas equipes responsáveis por diversos projetos célebres. Entre eles, o primeiro Parque Ecológico de Recife, em 1938, e o terraço-jardim do Edifício Gustavo Capanema, que é considerado um marco de ruptura no paisagismo brasileiro.
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxA obra é definida por vegetação nativa e formas sinuosas, visto que o jardim (com espaços contemplativos e de estar) possuía uma configuração inédita no país e no mundo.
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxEntão, Burle Marx passou a trabalhar com uma linguagem bastante orgânica e evolutiva, identificando-a muito com vanguardas artísticas como a arte abstrata, o concretismo e o construtivismo.
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxO artista também desenhou os azulejos do Hall de entrada do Edifício Prudência (Rino Levi) em Higienópolis, em São Paulo, e adquiriu um sítio de 365 mil metros quadrados, em Guaratiba, Rio de Janeiro, onde abrigava uma grande coleção de plantas.
Crédito: Instagram @escritorioburlemarxBurle também projetou o Parque Generalisimo Francisco de Miranda em Caracas, Venezuela, assim como os Jardins da Cidade Universitária da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro e o do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte.
Crédito: Guillermo Ramos Flamerich/Wikimédia CommonsNas décadas de 50 e 60, realizou projetos como o paisagismo do Balneário Municipal de Águas de Lindóia, em São Paulo, assim como o do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro — MAM/RJ. Além do paisagismo da Praça da Cidadania da Universidade Federal de Santa Catarina, onde situa-se o Prédio da Reitoria, em Florianópolis.
Crédito: DivulgaçãoUma de suas obras mais famosas foi o paisagismo do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Projetou também para a Embaixada do Brasil em Washington, D.C. (Estados Unidos), o Palácio Karnak, sede oficial do Governo do Piauí e o aterro da Bahia Sul, em Florianópolis.
Crédito: RioturAo longo da carreira, recebeu a Comenda da Ordem do Rio Branco do Itamaraty em Brasília, assim como o título Doutor honoris causa da Academia Real de Belas Artes de Haia (Holanda). Além de Doutor honoris, recebeu o causa do Royal College of Art em Londres.
Crédito: Arquivo Nacional do BrasilDoou seu sítio de Guaratiba com seu acervo ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — IPHAN, além de ser homenageado pela escola de samba Independentes de Cordovil, 1988, no Grupo de Acesso do Carnaval carioca.
Crédito: Ichiro Guerra/Wikimédia CommonsBurle Marx recebeu o título Doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por indicação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
Crédito: Lightnshadows/Wikimédia CommonsO último grande projeto do artista foi o paisagismo do Parque Ipanema, em Ipatinga/MG. Ao longo da vida, projetou mais de 2 mil jardins e sempre foi um dos grandes nomes brasileiros na defesa da natureza. Na foto, Praça Adhemar de Barros, em Águas de Lindóia (SP).
Crédito: Lsampeter /Wikimédia CommonsRoberto Burle Marx morreu aos 84 anos no dia 4 de junho de 1994, em consequência de uma embolia pulmonar. Ele estava em seu sítio, em Barra de Guaratiba (zona oeste do Rio), onde morava. O artista tinha um câncer na região abdominal.
Crédito: Instagram @escritorioburlemarx