Saiba como começou e evoluiu a imigração japonesa no Brasil

O Dia Nacional da Imigração Japonesa, celebrado anualmente em 18 de junho, marca a chegada ao Brasil dos primeiros imigrantes nipônicos. Eles se tornariam uma grande comunidade integrada ao país.

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A chegada dos japoneses teve início oficialmente em 18 de junho de 1908, quando o navio Kasato Maru aportou em São Paulo, trazendo 781 lavradores para as fazendas do interior paulista.

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A chegada de imigrantes criou uma mistura na cultura local, que pôde beber da fonte de outros costumes e foi afetada por vestimentas, culinárias e línguas diferentes. Além disso, a presença de indivíduos de outros países pôde incrementar a economia nacional e impulsioná-la.

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De acordo com dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão de 2023, há cerca de 2,7 milhões de descendentes e japoneses vivendo no Brasil, a maior comunidade nipônica fora do país asiático.

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O fluxo de imigração cessou quase que totalmente em 1973, com a vinda do último navio de imigração Nippon Maru, contando-se quase 200 mil japoneses estabelecidos no país, na ocasião.

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Os descendentes de japoneses chamam-se nikkei, sendo os filhos nissei, os netos sansei, os bisnetos yonsei, e assim por diante. Os nipo-brasileiros que mudaram-se para o Japão em busca de trabalho e lá estabeleceram residência, a partir do fim dos anos 80, foram denominados de dekasseguis.

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Historicamente, o Japão estava superpovoado no início século XX. Com isso, o país tinha ficado isolado do mundo durante os 265 anos do período Edo (Xogunato Tokugawa), sem guerras, epidemias trazidas do exterior ou emigração.

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Com as técnicas agrícolas da época, o Japão produzia apenas o alimento que consumia, sem praticamente formação de estoques para períodos difíceis. Qualquer quebra de safra agrícola causava fome generalizada.

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Foi um período de forte isolamento político-econômico e rígido controle interno, regulando os feudos através do código de leis. Em 1868, o período terminou com a Restauração Meiji, quando o governo imperial (tenno) recuperou sua autoridade, marcando o fim das ditaduras feudais, iniciando a modernização.

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O fim do Xogunato Tokugawa deu espaço para um intenso projeto de modernização e abertura para o exterior durante a era Meiji. Apesar da reforma agrária, a mecanização da agricultura desempregou milhares de camponeses, que passaram a ser cobrados em dinheiro.

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No campo, os lavradores que não tinham tido suas terras confiscadas por falta de pagamento de impostos mal conseguiam sustentar a família. Os camponeses sem terra foram para as principais cidades, que ficaram saturadas.

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A política emigratória colocada em prática pelo governo japonês tinha como principal objetivo aliviar as tensões sociais devido à escassez de terras cultiváveis e endividamento dos trabalhadores rurais.

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Assim, a partir da década de 1880, o Japão incentivou a emigração de seus habitantes por meio de contratos com outros governos. Antes do Brasil, já havia emigração de japoneses para os Estados Unidos (principalmente Havaí), Peru e México.

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No início do século XX, também houve grandes fluxos de emigração japonesa para colonizar os territórios recém-conquistados da Coreia e Taiwan. Praticamente todos os imigrantes que formaram grandes colônias retornaram ao Japão depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

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Em abril de 1905, chegou ao Brasil o Ministro Fukashi Sugimura, sendo bem recebido tanto pelas autoridades locais como pelo povo. Parte desse tratamento se deve a vitória japonesa na Guerra Russo-Japonesa, frente ao grande Império Russo.

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O relatório produzido por Sugimura aumentou o interesse do Japão pelo Brasil. Influenciados também pelas palestras proferidas pelo secretário Kumaichi Horiguchi, começaram a surgir japoneses decididos a viajar individualmente para a América do Sul.

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Com a expansão das plantações de café, havia demanda por mão de obra barata na zona rural paulista no final do século XIX e no início do século XX. A economia cafeeira foi o grande motor do Brasil desde a segunda metade do século XIX até a década de 1920.

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A primeira visita oficial para se tentar buscar um acordo diplomático e comercial, com o Japão, ocorreu em 1880. No dia 16 de novembro daquele ano, o vice-almirante Artur Silveira de Mota iniciou, em Tóquio, as conversações para o estabelecimento de um Tratado de Amizade, Comércio e Navegação.

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Mota foi recebido pelo vice-ministro de Negócios Estrangeiros, Kagenori Ueno. Mas o tratado só seria assinado em 1885, pelo ministro plenipotenciário brasileiro Gabriel de Toledo Piza e Almeida e o ministro plenipotenciário japonês Sone Arasuke.

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A imigração de asiáticos foi praticamente proibida em 1890. Neste ano, o decreto nº 528 assinado pelo presidente Deodoro da Fonseca e pelo ministro da Agricultura Francisco Glicério determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia seria permitida apenas com autorização do Congresso Nacional.

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Era o eurocentrismo da época, que imperava também no Brasil, que foi colônia de Portugal. Somente em 1892, foi aprovada a lei nº 97 que permitia a entrada de imigrantes chineses e japoneses no Brasil e, assim, o decreto nº 528 de 1890 perdeu seu efeito.

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Apesar do preconceito, o interesse na mão de obra era muito grande e a vinda de um navio com imigrantes japoneses começou a ser planejada para 1897. Por volta de 1901, os preços internacionais do café haviam se recuperado e o governo do Brasil voltou a estudar o recebimento de imigrantes japoneses

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As fazendas de café sentiram uma grande falta de trabalhadores com a diminuição da chegada de italianos, e o governo brasileiro aceitou o recebimento de imigrantes japoneses. Em 1907, o Brasil criou a "Lei de Imigração e Colonização" que regularizou a entrada de todos os imigrantes.

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O contrato entre Ryo Mizuno, presidente da Kokoku Shokumin Kaisha (Companhia Imperial de Emigração), e o secretário de Assuntos da Agricultura, Carlos José de Arruda Botelho, representando o governo paulista, foi assinado em 6 de novembro de 1907.

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O Kasato Maru é considerado pela historiografia oficial como o primeiro navio a aportar no Brasil com imigrantes japoneses. A viagem de 52 dias começou no porto de Kobe e terminou no Porto de Santos em 18 de Junho de 1908. Vieram 781 pessoas, sendo 186 mulheres que compunham 165 famílias.

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Esses imigrantes foram trabalhar nos cafezais do oeste paulista. Naquela época, antes de embarcarem, todos eram obrigados a passar por um processo, no qual faziam exames médicos e tinham aulas básicas de português

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Somente em 28 de junho de 1910, chegou a Santos outro navio, o Ryojun Maru, trazendo mais 906 imigrantes japoneses, que constituíam 247 famílias, divididas entre 518 homens e 391 mulheres, que foram enviados para trabalhar em 17 fazendas de café no Estado de São Paulo.

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Os anos 60 foram marcados, em muitos aspectos, pela integração dos nikkeis à sociedade brasileira. Além da participação ativa na vida política por meio de seus representantes nas casas legislativas, eles começaram a despontar nas áreas culturais, notadamente na grande imprensa

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A Unidos do Porto da Pedra no Carnaval de 2008 entrou na Marquês de Sapucaí com o enredo "100 anos de imigração japonesa no Brasil - tem pagode no Maru". A agremiação de São Gonçalo ficou na 11ª posição, à frente da rebaixada São Clemente.

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