Sensação nas escolhas de samba, Wander Pires vive ótima forma na Viradouro

Afinal, em um único final de semana, Wander Pires esteve à frente de três sambas vencedores, dois deles do Especial e um da Série Ouro. Um detalhe é que ainda restam mais finais pela frente, e o intérprete tem chance de carimbar mais vitórias no currículo.

Ele emprestou sua voz para os sambas vencedores da Unidos de Vila Isabel, Unidos da Tijuca e Unidos de Padre Miguel, que esteve na elite do Carnaval Carioca em 2025.

Cria de Bangu, Wander Pires começou a carreira na Mocidade Independente de Padre Miguel, onde ascendeu como cantor principal em 1994, no enredo sobre a Avenida Brasil.

Desde jovem, passou a se destacar com uma voz inconfundível e esteve em 15 carnavais na estrela guia de Padre Miguel, entre idas e vindas.

O seu primeiro auge foi no período entre 1995 e 2002, quando emplacou grandes sucessos na Mocidade e carimbou um título. Foi em 1996, com o enredo "Criador e Criatura".

Neste período, deu voz a sambas marcantes, como "Padre Miguel Olhai por nós", de 1995, e "De Corpo e alma na Avenida", de 1997. Também se destacou na homenagem a Heitor Villa-Lobos em 1999 e sobre o Circo em 2002.

Ainda neste período, Wander teve uma rápida passagem pelo Acadêmicos do Salgueiro em 2000 e pela União da Ilha do Governador, que foi rebaixada no carnaval de 2001.

A partir de 2003, iniciou sua passagem pela Acadêmicos do Grande Rio, porém defendeu o samba de alguns enredos patrocinados, que não renderam grandes resultados para a escola na Avenida.

Com o enredo "A vida que pedi a Deus", Wander retornou em rápida passagem pela Mocidade, mas logo voltou para Caxias e ficou mais dois anos à frente do microfone da Grande Rio. Em 2008, chegou atrasado no desfile por causa de um acidente e foi demitido no ano seguinte.

No ano seguinte, Wander seria a voz principal do Império de Casa Verde, em São Paulo, porém o negócio acabou desfeito. Ainda em 2009, o cantor acertou seu novo retorno à Mocidade, mas a escola não foi bem com a homenagem a Machado de Assis e Guimarães Rosa.

Em 2010, teve sua primeira passagem pela Viradouro, que enfrentava sérios problemas com sua diretoria, que culminou no rebaixamento, no enredo sobre o México. Em seguida, foi campeão pela Vai-Vai, em São Paulo, no enredo que contou a história de superação do ex-pianista João Carlos Martins.

De volta ao Carnaval Carioca, cantou na Unidos do Porto da Pedra, que foi rebaixada com o curioso enredo sobre o Iogurte. Em 2013, seguiu na Vai-Vai e quase ficou de fora da folia do Rio de Janeiro, mas acertou com a Imperatriz ao lado de Dominguinhos do Estácio.

Wander, então, ficou como cantor solo da escola de Ramos em 2014, na homenagem ao maior ídolo da história do Flamengo, Zico. No ano seguinte, acertou com a Portela e também defendeu as cores do Acadêmicos do Tatuapé, em São Paulo.

Em 2016, retornou ao Vai-Vai como intérprete oficial e foi um dos autores do samba-enredo da Mocidade, vencendo eliminatórias pela primeira vez na escola. Cantou na tradicional Estácio de Sá, que foi rebaixada com um enredo sobre São Jorge.

O consagrado intérprete retomou a ligação com a Mocidade em 2017 e conquistou mais um título do Grupo Especial. A agremiação levou para a avenida uma homenagem a Marrocos e dividiu a taça com a Portela.

Durante mais uma passagem de cinco anos pela Mocidade, também cantou novamente em São Paulo, desta vez pela Unidos de Santa Maria. Na agremiação de Padre Miguel, cantou sambas marcantes, com enredos como Índia, Tempo, Oxóssi e Elza Soares.

Em 2023, esteve à frente do microfone da Paraíso do Tuiuti e ganhou o Estandarte de Ouro de Melhor intérprete, ao cantar o samba sobre os Búfalos de Marajó.

Quando esteve à frente da Imperatriz Leopoldinense, em 2014, quase perdeu a voz e foi duramente criticado na internet, que o aposentou antes da hora. Na mesma época, foi internado num hospital, no qual ficou 60 dias sem saber o que tinha.

Descobriu ser diabético através de seu pai de santo e teve depressão, quando decidiu raspar a cabeça e deu a volta por cima na carreira. A partir dali, Wander passou a cultivar um topete inspirado em James Brown e se reergueu no Carnaval Carioca.

No Carnaval de 2024, voltou à Unidos do Viradouro, que vive um momento completamente diferente de 2010, com a direção da Família Calil. Assim, na Marquês de Sapucaí, deu vida ao samba sobre "Arroboboi Dangbé", que desmistificou o Vodu, e consagrou a agremiação de Niterói.

Em 2025, a escola de Niterói não conseguiu o bicampeonato e ficou com a quarta colocação, mas Wander voltou a chamar atenção com um esquenta marcante, que trazia vários pontos de Malunguinho, entidade afro-indígena, que foi o enredo da vermelho e branco.

Para o próximo Carnaval, Wander Pires estará novamente à frente do carro de som da Unidos do Viradouro, que levará para a Marquês de Sapucaí uma homenagem ao mestre de bateria, Ciça.

Por fim, Wander Pires é casado com Ana Paula Pires há duas décadas e tem quatro filhos. No trabalho, conta com o auxílio luxuoso de Wandinho Pires, enquanto Wandrey Pires canta na escola mirim.