Espécie selvagem ressurge no RJ e pode mudar lista de ameaçados

Após décadas sem registros, o queixada (Tayassu pecari) voltou a ser documentado na natureza do estado do Rio de Janeiro. A espécie, um mamífero da família Tayassuidae — conhecido por viver em grandes bandos nas florestas tropicais — foi registrada na Reserva Biológica Estadual de Araras (Rebio Araras), localizada na Região Serrana do estado.

As primeiras imagens foram captadas em 2021 por armadilhas fotográficas, e a confirmação do reaparecimento veio com monitoramento contínuo até 2023. Os dados foram publicados neste mês de junho na revista científica Suiform Soundings, da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).

O que revela o estudo sobre os queixadas no Rio?

O achado é resultado do programa de monitoramento de mamíferos de médio e grande porte, liderado pela pesquisadora e guarda-parque do Inea, Vanessa Cabral Barbosa, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A metodologia inclui armadilhas fotográficas, análise de vestígios e levantamento de dados sobre distribuição, abundância e impactos humanos no ecossistema.

Classificado como Vulnerável na Lista Vermelha da IUCN, o queixada é essencial ao equilíbrio ecológico, pois dispersa sementes e influencia a vegetação. Foram observados bandos de 20 a 60 indivíduos entre 2021 e 2023, reforçando a importância da preservação de corredores ecológicos e da Mata Atlântica.

A redescoberta pode impactar políticas de conservação?

A relevância da pesquisa garantiu o convite para que ela integrasse a consulta nacional sobre ungulados ameaçados, coordenada pelo ICMBio. Pela primeira vez, unidades de conservação estaduais, como a Rebio Araras, o Parque Estadual do Cunhambebe e o Parque Estadual da Pedra Selada, participam do processo de reavaliação da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas.

“O reaparecimento do queixada demonstra que a conservação baseada em ciência pode reverter cenários de extinção”, afirmou Vanessa Cabral.

Já o secretário estadual de Meio Ambiente, Bernardo Rossi, destacou a importância das unidades de conservação na preservação do bioma e do patrimônio ambiental do Rio de Janeiro.