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Eduardo Paes critica responsáveis pelo Riocard: “Quem defende é mafioso”
Prefeito critica resistência ao Jaé, aponta má fé política e cobra integração com modais estaduais
O prefeito Eduardo Paes disse nesta quinta-feira (10) que há clara má vontade política em buscar conexão entre o Jaé, implantado pela prefeitura, e os modais estaduais — trens, metrô e barcas — que ainda operam com o Riocard. Paes reafirmou que a mudança visa dar transparência ao sistema, romper com a “caixa-preta” do transporte público municipal e encerrar o poder dos grupos empresariais que controlavam o Riocard. Segundo o prefeito, esses grupos faturam bilhões sem prestação de contas.
“Para mim, quem defende o Riocard é mafioso. Pronto, pode me processar”, disse o prefeito. Em nota, a Riocard se defendeu das acusações (leia abaixo).
O Jaé entrou em implantação em julho de 2023 com previsão inicial de substituição total do Riocard até fevereiro de 2024. O objetivo declarado era modernizar a bilhetagem, facilitar recargas digitais, controlar número de passageiros e arrecadação e permitir integração tarifária dentro dos modais municipais — ônibus, BRT, VLT e vans.

Mas desde o início surgiram problemas: atrasos na transição, falhas nos validadores e resistência de setores que operavam o sistema anterior. A integração com trens, metrô e barca — sob responsabilidade estadual — segue comprometida, obrigando usuários a manter dois cartões.
Em suas declarações, Paes afirmou que os críticos do Jaé apenas defendem interesses privados e agem contra o interesse público. Atribuiu à Riocard a manutenção de um sistema permeado por caixa-preta, apontando que ela “explora o trabalhador”, não fornece condições adequadas e impede maior transparência.
“Estamos falando de uma operação de 3 milhões de pessoas mudando, tendo que trocar de cartão. Não é uma operação trivial”, disse.
Na última terça-feira, juíza Renata Guarino Martins concedeu liminar que suspende a exigência do Jaé para idosos até que todos tenham acesso ao cartão. Enquanto isso, esses usuários podem continuar usando o Riocard para embarcar. A decisão segue o pedido do MPRJ diante das dificuldades no atendimento aos idosos.
Resposta Riocard
A Riocard afirmou, em nota, que não tem responsabilidade sobre os problemas enfrentados na implementação do sistema Jaé, ressaltando que sempre colaborou com a Secretaria Municipal de Transportes e cumpriu todas as determinações que lhe foram atribuídas ao longo do processo.
Segundo a empresa, o próprio edital da Prefeitura determinava que o cadastramento e a emissão das gratuidades seriam de responsabilidade da nova concessionária, contratada em dezembro de 2022. A Riocard considera injusto ser responsabilizada pelos transtornos, destacando que a transição, que já dura mais de dois anos e meio, tem sido marcada por atrasos e falhas da empresa escolhida para operar o novo sistema.