Rio
Disque Denúncia registra alta de casos com linha chilena no RJ
Em sete meses, número de queixas já supera todo o ano passado; família da vítima cobra fiscalização
O uso da linha chilena, proibida no estado do Rio desde 2019, segue provocando tragédias e causando revolta. No domingo (3), Jorge Luiz da Silva, de 38 anos, morreu após ser atingido no pescoço enquanto voltava de moto com a esposa pela Via Light, na Baixada Fluminense. O material, altamente cortante, ficou preso ao pescoço da vítima, que não resistiu.
Dados do Linha Verde, canal do Disque Denúncia, revelam um aumento expressivo nas queixas envolvendo o uso de linha chilena. Em apenas sete meses de 2024, foram registradas 716 denúncias, superando as 561 ocorrências de todo o ano de 2023.
A Polícia Civil recolheu pedaços da linha no local e realizou perícia no asfalto da Via Light, com o material sendo encaminhado para análise.
Família da vítima cobra fiscalização
Parentes da vítima demonstraram revolta com a situação e criticaram a falta de fiscalização. Segundo Alexsander Marques, cunhado de Jorge, a esposa dele presenciou toda a cena e está em estado de choque: “A esposa dele está à base de remédios calmantes. Ela não estava aguentando nem falar, nem andar. O desespero foi total, até porque ela estava no momento da fatalidade e viu toda a cena. Ela até tentou tirar a linha que estava agarrada no pescoço dele”.
Alexsander também criticou o descaso com a proibição da linha: “Mais um caso de linha chilena, que é proibida mas, na realidade, não tem proibição nenhuma. O uso é para todos os lados. A família espera uma punição ou, pelo menos, uma investigação. Que haja fiscalização nessas lojas e fábricas de linha chilena, que é proibida.”
Linha chilena: proibida, mas presente nas ruas
A linha chilena é ainda mais perigosa que o cerol tradicional por conter pó de quartzo e óxido de alumínio. Mesmo sendo proibida no estado desde 2019, sua comercialização, posse e uso ainda são recorrentes, principalmente em épocas de férias escolares e ventos fortes, quando aumentam os registros de empinadores de pipa.
Quem for flagrado com esse tipo de linha pode responder criminalmente, mas, na prática, a fiscalização é falha e a punição, rara.