Rio
Chefe do Povo de Israel morre de câncer após 46 anos de condenação
Avelino Gonçalves Lima, condenado a 46 anos de prisão, liderava facção envolvida em extorsões e golpesO chefe da facção criminosa Povo de Israel (PVI), Avelino Gonçalves Lima, de 54 anos, conhecido como Alvinho ou Vilão, morreu de câncer na última quinta-feira (22). Ele estava internado em um hospital particular no Grajaú, Zona Norte do Rio.
Condenado a 46 anos de prisão pelos crimes de homicídio, roubo e estupro, Alvinho ocupava a liderança máxima do grupo, responsável por extorsões e golpes milionários de dentro da cadeia. Poucos dias antes da morte, a Justiça havia autorizado visitas de despedida, com a remoção temporária de algemas.
Histórico criminal de Alvinho
Preso pela primeira vez em 1999, Alvinho acumulava nove anotações criminais e respondia a 13 processos disciplinares. Em 2007, obteve direito a Visita Periódica Familiar (VPF), mas não retornou, sendo recapturado dois anos depois.
Em 2018, foi acusado de ordenar uma rebelião que resultou na morte de um detento. Já em 2022, teria mandado matar dois presos após descobrir um plano de sequestro contra a filha de uma liderança do PVI.
Em junho de 2023, ele chegou a ser transferido para o sistema penitenciário federal, mas retornou ao Rio de Janeiro em agosto, sendo encaminhado à Cadeia Pública José Antônio de Costa Barros, em Gericinó.
Estrutura e crimes do Povo de Israel
A facção é conhecida por aplicar o golpe do falso sequestro e por ameaçar comerciantes em áreas dominadas por rivais. Vítimas eram forçadas a transferir dinheiro para contas de terceiros, que repassavam os valores conforme ordens internas.
De acordo com investigações da Polícia Civil, entre 2022 e 2024 o grupo movimentou cerca de R$ 67 milhões em fraudes. O esquema, detalhado em relatório do Coaf e investigado pela Delegacia Antissequestro (DAS), mostrou que o dinheiro ilícito era lavado por meio de empresas de fachada, incluindo construtora, joalheria, atacadista, loja de bolsas e até uma lotérica em Apiacá (ES).
Como era dividido o lucro dos golpes
Segundo a polícia, os valores eram repartidos da seguinte forma:
- 30% para o “empresário”, responsável pelo celular;
- 30% para o “ladrão”, executor do golpe;
- 30% para o “laranja”, que recebia o dinheiro;
- o restante para o caixa comum do Povo de Israel.