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3I/Atlas: o cometa que pode revelar segredos sobre a vida no cosmos, diz NASA
Cientistas identificaram algo inesperado no cometa 3I/Atlas, um indício que pode mudar o que se sabe sobre a origem da vida
Cientistas da Universidade de Auburn confirmaram a presença de hidroxila (OH) — um subproduto da decomposição da água — no cometa interestelar 3I/Atlas, marcando a primeira detecção direta de atividade aquosa em um objeto vindo de outro sistema estelar. A observação foi feita com o telescópio espacial Neil Gehrels Swift, da NASA, e representa um marco para o estudo da química da vida fora do Sistema Solar.
O telescópio captou o brilho ultravioleta característico do gás hidroxila, indicando que o cometa libera vapor d’água. Segundo os pesquisadores, quando o 3I/Atlas estava a cerca de três vezes a distância entre a Terra e o Sol, ele expelia 40 kg de água por segundo — o equivalente à força de uma mangueira de incêndio em plena pressão.
Em geral, regiões tão distantes do Sol são frias demais para sublimar o gelo de um cometa. Por isso, a equipe acredita que grãos de gelo liberados do núcleo estejam se aquecendo e vaporizando lentamente ao absorver a luz solar.

As medições mostram que 8% da superfície do 3I/Atlas está ativa, uma taxa superior à da maioria dos cometas conhecidos. Isso indica que o objeto pode conter camadas complexas de gelo formadas em condições químicas diferentes das do nosso Sistema Solar.
“Quando detectamos água — ou mesmo seu tênue eco ultravioleta, OH — de um cometa interestelar, estamos lendo uma nota de outro sistema planetário”, explicou o físico Dennis Bodewits, da Universidade de Auburn.
3I/Atlas é diferente de outros cometas interestelares
Cada cometa vindo de fora do Sistema Solar tem apresentado composições únicas:
- ʻOumuamua, o primeiro detectado, parecia seco;
- Borisov mostrou-se rico em monóxido de carbono;
- e agora o 3I/Atlas exibe atividade de água a uma distância surpreendente do Sol.
“Cada um deles está reescrevendo o que pensávamos saber sobre como planetas e cometas se formam ao redor de estrelas”, destacou Zexi Xing, autor principal do estudo.
Entenda o que vem a seguir nas observações
Graças à sua órbita acima da atmosfera, o telescópio Swift conseguiu medir o brilho ultravioleta com alta precisão, mesmo com um espelho de apenas 30 cm. O cometa, descoberto em 1º de julho, está temporariamente fora de vista, mas deve voltar a ser observável a partir de novembro.
Os pesquisadores esperam determinar se a atividade continuará dominada pela água ou se outros compostos, como dióxido de carbono, vão assumir o protagonismo. Cada nova medição ajuda a desvendar como a construção da vida podem ter se formado em sistemas estelares distantes.