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Reinaldo revela bastidores e denuncia perseguição política: “Manobra da ditadura”
Maior ídolo da história do Atlético-MG contou que foi perseguido pela ditadura e proibido de jogar a final do Brasileirão de 1977O ex-jogador Reinaldo, maior ídolo da história do Atlético-MG, revelou que foi perseguido pela ditadura militar e chegou a ser impedido de disputar a final do Campeonato Brasileiro de 1977. A declaração foi feita durante o episódio #14 do Penido’s Podcast, gravado nesta segunda-feira (20).
Durante a conversa, o ex-atacante relembrou episódios de repressão e interferência política no futebol brasileiro. “Eu tinha ficha no DOPS, sofri várias perseguições. Estava marcado pelo regime militar. Além disso, a diretoria da CBF era toda formada por militares”, contou.
“Não se meta com política”, alertou Geisel
Reinaldo relatou um episódio emblemático ocorrido em Porto Alegre, durante a despedida do então presidente Ernesto Geisel. “Ele me chamou e disse: ‘Menino, você joga bem, mas não se meta com política’. Foi uma pressão danada”, revelou.
O ex-jogador também lembrou do alerta feito por André Richer, dirigente da CBF na época: “Se eu fizesse o gol, que eu não comemorasse com o punho cerrado”, contou, em referência ao gesto que marcava sua luta por liberdade e igualdade.
O episódio da final de 1977
Reinaldo lembrou da final do Brasileirão de 1977, quando o Atlético-MG enfrentou o São Paulo no Mineirão. “Eu fui artilheiro e bati recorde. Fiz gol em todos os jogos — e mesmo assim, não me deixaram jogar a final”, afirmou.
Segundo ele, a ausência foi resultado de uma “manobra autoritária”. “Os paulistas fizeram uma ‘engenharia’ e eu acabei fora da decisão. Foi uma sacanagem. Na final, com certeza eu faria o gol do título. Fomos vice-campeões invictos!”
Manipulação e autoritarismo no futebol
O ex-atacante comparou o episódio à Copa do Mundo de 1978, disputada durante a ditadura argentina. “Foi uma manipulação perversa. Saímos invictos, mas o contexto político interferiu no futebol”, destacou.
Para Reinaldo, o período da ditadura marcou profundamente o esporte brasileiro. “Era um tempo de censura e medo. Mas, mesmo assim, a gente acreditava que o futebol podia ser uma forma de resistência”, concluiu.