Praça na Penha amanhece com mais de 70 corpos após megaoperação

Pelo menos 72 corpos foram levados por moradores à Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta-feira (29), dia seguinte à operação policial mais letal da história fluminense.

De acordo com relatos, desde as primeiras horas do dia moradores da região têm transportado os corpos encontrados na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, para a praça. No local, sete rabecões da Defesa Civil estão retirando os corpos.

Ao final da megaoperação desta terça-feira (28), o governo do Rio informou que 64 pessoas morreram durante a ação policial, sendo 60 criminosos e quatro policiais. Já nesta quarta, o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou que, a princípio, os corpos levados à praça não fazem parte dessa contagem oficial.

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Número de mortos chega a 136

Uma perícia será realizada para apurar se as mortes têm relação com a operação. O objetivo é confirmar a identidade das vítimas e as circunstâncias em que morreram.

Se a perícia confirmar que os corpos encontrados não estão entre os listados no relatório oficial, o total de mortes poderá chegar a mais de 130.

Desde as 8h, as famílias fazem o reconhecimento facial no prédio do Detran, ao lado do Instituto Médico Legal (IML). Durante esse período, o acesso ao IML ficará restrito a equipes da Polícia Civil e do Ministério Público, responsáveis pelos exames periciais.

Corpos também foram levados a hospital da região

Além dos corpos encontrados na Praça São Lucas, seis foram levados ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha. De acordo com relatos, uma Kombi chegou em alta velocidade ao hospital, deixou os corpos e saiu imediatamente do local.

As autoridades ainda não confirmaram se os corpos levados ao hospital estão entre os que foram deixados na praça ou se pertencem a outro grupo de vítimas.

A operação

A megaoperação desta terça nos complexos do Alemão e da Penha mobilizou 2,5 mil agentes das forças estaduais para cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho e conter o avanço territorial da facção. A ação terminou com 64 mortos e se tornou a mais letal da história do Rio de Janeiro, segundo balanço oficial do governo.

Ao todo, 81 pessoas foram presas, incluindo Nikolas Fernandes Soares, o “Harley”, apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, uma das lideranças da facção. A ofensiva contou com 32 blindados, dois helicópteros, drones e veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM.

Por causa da violência, o município entrou em estágio 2 às 13h48, segundo o Centro de Operações Rio. A Secretaria Municipal de Educação informou que 45 escolas foram impactadas, sendo 28 no Alemão e 17 na Penha, e uma unidade estadual precisou ser fechada. Na área da saúde, cinco unidades de Atenção Primária suspenderam o atendimento e uma clínica da família funcionou parcialmente.

Mais de 120 linhas de ônibus tiveram o trajeto alterado, e 50 veículos foram usados como barricadas. As regiões mais afetadas incluem Anchieta, Méier, Avenida Brasil, Linha Amarela e Cidade de Deus.

Balanço da operação divulgado nesta terça (28)

• 81 presos
• 60 criminosos mortos em confronto
• 4 feridos sob custódia
• 3 civis baleados
• 7 policiais feridos (4 civis e 3 militares)
• 4 policiais mortos (2 civis e 2 militares)
• 93 fuzis e 2 pistolas apreendidos
• 9 motos, carregadores e grande quantidade de drogas recolhidos