Brasil
Primeira Turma do STF forma maioria para rejeitar recursos de Bolsonaro
Ex-presidente foi condenado a 27 anos e três meses por liderar tentativa de golpe de Estado. Julgamento dos embargos de declaração está no plenário virtual da CorteA Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, na tarde desta sexta-feira (7/11), para rejeitar os recursos da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e manter a condenação de 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Votaram os ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino e Cristiano Zanin. Falta apenas o voto da ministra Cármen Lúcia, pois Luiz Fux deixou o colegiado no mês passado.
O julgamento ocorre no Plenário virtual da Corte e está disponível no sistema até 14 de novembro. Os ministros analisam os chamados embargos de declaração do processo, que pedem esclarecimentos sobre omissões e contradições dos votos. Também são julgados os recursos dos outros sete condenados do núcleo central da trama golpista.
Apesar da conclusão, a prisão não é imediata. Após o prazo no plenário virtual, os advogados do ex-presidente devem apresentar os embargos dos embargos — recurso tido como protelatório, mas necessário neste caso. Em seguida, devem apresentar um pedido para o cumprimento da pena em casa. O principal argumento é baseado na saúde do réu.
Na ação, a defesa de Bolsonaro classificou a sentença como injusta e afirmou que “é impossível manter a condenação”. Os advogados alegaram que a condenação pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — que culminaram na depredação dos prédios dos três Poderes — não se sustenta, porque ele não foi autor intelectual dos ataques.
Núcleo central condenado
Em setembro, a Primeira Turma do STF condenou Jair Bolsonaro e outros sete aliados. O grupo foi considerado culpado pela elaboração de uma trama para manter o ex-chefe do Planalto no poder, mesmo após derrota nas urnas.
Bolsonaro foi punido a 27 anos e 3 meses de prisão, com regime inicialmente regime fechado, além de 124 dias multa, no valor de dois salários mínimos o dia. Ele foi apontado como o líder da organização criminosa, que tinha como objetivo impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva — e se manter no poder. De acordo com a PGR, o ex-presidente estava ciente e teve participação ativa no plano criminoso.
Além de Bolsonaro, também estão sendo julgados os embargos de declaração apresentados pelas defesas de: Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); Almir Garnier, almirante e ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF; Augusto Heleno, general e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, general da reserva e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa.
Dos oito condenados, apenas o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, não recorreu. Ele é colaborador na ação penal e cumpre pena de dois anos de prisão em regime aberto. Na semana passada, o militar passou por uma audiência no Supremo e foi autorizado a tirar a tornozeleira eletrônica.