Esportes
Jornalistas detonam proposta do Flamengo e alertam: “Espanholização do futebol brasileiro”
Eduardo Tironi e Arnaldo Ribeiro criticam duramente as sugestões do Flamengo sobre fair play financeiro enviadas à CBF
As sugestões apresentadas pelo Flamengo à CBF sobre um novo modelo de fair play financeiro geraram forte repercussão na imprensa esportiva. Durante o programa “UOL News Esporte”, desta terça-feira (11/11), os jornalistas Eduardo Tironi e Arnaldo Ribeiro criticaram duramente as propostas rubro-negras e alertaram para o risco de uma “espanholização” do futebol brasileiro, em que apenas dois clubes dominam o cenário nacional.
Segundo Tironi, a ideia defendida pelo Flamengo — que inclui restrições salariais, controle de direitos de imagem e proibição de contratações por clubes em recuperação judicial — tende a acentuar a desigualdade no futebol do país.
“O processo de espanholização é muito cristalizado para mim. Porque, nessas condições, você esquece. Palmeiras e Flamengo vão continuar tomando conta de tudo e os outros não vão conseguir competir”, afirmou o apresentador.
“Flamengo e Palmeiras jogariam sozinhos”
O comentarista Arnaldo Ribeiro ironizou a nota oficial publicada pelo Flamengo e destacou o contraste entre o discurso e a realidade do clube. Ele afirmou que o modelo proposto serviria apenas para favorecer os times mais ricos, reduzindo a competitividade do Campeonato Brasileiro.
“O fair play financeiro que o Flamengo propõe agora, quando ele é o poderoso, pressupõe dois times na liga: Flamengo e Palmeiras. Só. Então vão jogar o campeonato só eles”, disse Arnaldo, em tom crítico.
O jornalista ainda destacou a contradição da proposta ter sido levada à CBF, em vez de surgir da liga dos clubes, que busca justamente equilibrar forças financeiras no futebol nacional.
Entenda o que o Flamengo propôs à CBF
Entre as sugestões enviadas pelo Flamengo estão o controle de folha salarial, direitos de imagem, comissões e premiações. O clube também propôs que equipes em recuperação judicial ou extrajudicial sejam impedidas de contratar novos atletas e que as movimentações financeiras entre clubes da mesma holding sejam limitadas.
Além disso, o clube defende que os donos de SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol) sejam avaliados por uma comissão antes de qualquer aprovação oficial. Segundo o Flamengo, as medidas seriam fundamentais para garantir estabilidade e responsabilidade financeira no futebol brasileiro.
“A nota ataca quem não é poderoso”
Ainda no debate, Arnaldo Ribeiro criticou o tom da nota e afirmou que as sugestões do Flamengo beneficiam os clubes mais ricos e tradicionais, enquanto impõem barreiras aos que tentam se reerguer financeiramente.
“A nota do Flamengo ataca quem não é poderoso, quem está em situação financeira ruim e quem é SAF. Envolve todo mundo, do segundo para baixo. Restringe e alfineta todos os outros”, completou o comentarista.
Risco de desequilíbrio e reação dos clubes
A proposta do Flamengo deve ser analisada pela CBF nas próximas semanas, mas já causa desconforto entre dirigentes de outros clubes, especialmente os que estão em fase de reconstrução administrativa. A percepção é de que o modelo sugerido pode concentrar ainda mais o poder esportivo e econômico nas mãos de poucos.
Com a discussão sobre fair play financeiro em pauta, cresce a pressão para que o tema seja debatido dentro da Liga Forte Futebol (LFF) e da Libra, garantindo que as regras beneficiem o equilíbrio e a competitividade entre todos os clubes da Série A.