Brasil
OMS aponta que mais de oitocentos milhões de mulheres já sofreram algum tipo de violência
São cerca de 840 milhões de vítimas, número que praticamente não mudou desde o ano 2.000
Dados divulgados nesta quarta-feira (19) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que quase uma em cada três mulheres no mundo já sofreu violência doméstica ou sexual ao menos uma vez na vida. São cerca de 840 milhões de vítimas, número que praticamente não mudou desde o ano 2.000. A taxa de queda anual foi de apenas 0,2% nas últimas duas décadas.
Só nos últimos doze meses, 316 milhões de mulheres acima de quinze anos foram agredidas pelo próprio parceiro. Pela primeira vez, o relatório também estimou casos de violência sexual praticada por outras pessoas, episódios que fizeram 263 milhões de vítimas, número considerado subnotificado por conta do medo e de represálias em casos de denúncia.
A OMS alerta que mulheres vítimas de violência enfrentam gestações indesejadas e têm maior risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis e depressão. O relatório destaca ainda que a violência contra mulheres começa cedo, e os riscos persistem ao longo da vida. Ao longo dos últimos 12 meses, quase 13 milhões de adolescentes, com idades entre 15 e 19 anos, sofreram algum tipo de violência física ou sexual praticada por um parceiro.
A reportagem da Super Rádio Tupi conversou com a advogada criminalista, Alexandra Oliveira Menezes, que foi questionada sobre a que ela atrbui esses números tão expressivos.
“Apesar desse número expressivo que a gente vê em relação à violência contra a mulher, existe algo no direito que se chama ‘cifra negra’, que são as ocorrências que o Estado não fica sabendo e que a gente sabe que na prática acontecem muito, muitas mulheres não chegam a denunciar. Então, pode ter certeza que esse número é ainda mais alarmante”, ressaltou.
Sobre a questão da aplicação das leis de proteção no Brasil, a advogada disse que: “lei não transforma uma cultura que já vem aí há séculos, ela pune, mas não previne os hábitos. E o dispositivo jurídico, ele nada mais é do que uma resposta do Estado para o indivíduo infrator, mas ele não educa a sociedade”.
Para Alexandra, os principais obstáculos para que vítimas denunciem casos de violência doméstica ou sexual está associado ao medo que muitas mulheres têm de não serem levadas a sério, de serem julgadas, culpabilizadas ou humilhadas. “As delegacias especializadas precisam de equipes treinadas, humanizadas e com protocolos de atendimento às mulheres, para que elas se sintam acolhidas, protegidas e não amedrontadas e, sobretudo, garantir o sigilo e a segurança dessa mulher, porque muitas delas denunciam, mas o agressor fica sabendo no mesmo dia. Então, é algo muito delicado”, explicou.
Vale reforçar a importância da denúncia e da busca por ajuda em casos como estes. A Central de Atendimento à Mulher, o disque 180, é um serviço de utilidade pública oferecido pelo governo federal, por meio do Ministério das Mulheres, para fornecer informações sobre os direitos e garantias das mulheres em situação de violência, além de informar locais e contatos dos serviços mais próximos e apropriados para cada caso. E também registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes.