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O que faz a dormideira reagir tão rápido quando alguém encosta nela

A reação acontece rápido demais para parecer coincidência

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O que faz a dormideira reagir tão rápido quando alguém encosta nela
Resposta evolutiva associada à defesa contra herbívoros e danos físicos

Em muitos jardins e calçadas, a dormideira chama atenção por um comportamento pouco comum entre as plantas: ao mínimo toque, suas folhas se fecham rapidamente, como se reagissem a um susto. Embora pareça um gesto de sensibilidade semelhante ao de animais, o fechamento das folhas não envolve sentimentos ou consciência, mas sim um mecanismo fisiológico complexo, resultado da evolução da espécie.

O que é a Mimosa pudica e por que ela desperta tanta curiosidade?

A dormideira (Mimosa pudica) é uma planta herbácea de pequeno porte, comum em regiões tropicais e subtropicais, onde cresce em gramados, beiras de estrada e terrenos baldios. Suas folhas delicadas, divididas em inúmeros folíolos em formato de leque, facilitam o movimento visível quando ocorre qualquer estímulo mecânico.

Além das folhas móveis, a planta apresenta espinhos finos ao longo do caule e pequenas flores globosas de cor lilás ou rosada. Essa combinação entre aparência frágil e resposta rápida ao toque torna a dormideira um exemplo clássico em aulas de ciências, ilustrando o fenômeno chamado tigmonastia ou seismonastia, movimentos desencadeados por estímulos físicos.

O que faz a dormideira reagir tão rápido quando alguém encosta nela
O comportamento da dormideira desperta curiosidade – Créditos: depositphotos.com / alexandrelaprise

Por que a dormideira fecha as folhas ao toque?

O fechamento das folhas da Mimosa pudica ocorre em uma região chamada pulvínulo, espécie de “articulação” na base das folhas e folíolos. Quando há toque, vibração, corte ou variação brusca de luz e temperatura, células especializadas promovem um deslocamento rápido de íons e água, causando perda e ganho de turgor em áreas distintas e levando à dobra da folha.

Do ponto de vista adaptativo, esse movimento funciona como estratégia de defesa, pois reduz a área foliar exposta e altera a silhueta da planta, tornando-a menos atraente para herbívoros. Em alguns casos, o movimento repentino pode assustar pequenos animais, dificultar o pouso de insetos e até proteger contra danos físicos, como chuva intensa ou queda de detritos.

Como funciona o mecanismo interno do movimento da Mimosa pudica?

O processo começa com a percepção do estímulo em células sensoriais, que disparam um sinal elétrico ao longo do tecido vegetal, comparável a um “impulso” que percorre a planta. Esse sinal altera a concentração de íons, principalmente potássio e cálcio, nas células do pulvínulo, provocando um fluxo rápido de água entre o interior e o exterior das células.

Embora lembre vagamente o sistema nervoso animal, o processo é puramente vegetal, sem neurônios, sendo baseado apenas no transporte de íons e no movimento de água. Após alguns segundos, a redistribuição de água e íons se estabiliza e as folhas retornam à posição original, desde que não haja novos estímulos, caracterizando um movimento rápido, reversível e não relacionado ao crescimento. Pesquisas recentes utilizam esse tipo de resposta como modelo para estudar bioeletricidade em plantas, ajudando a compreender melhor como diferentes espécies se comunicam internamente.

Esse fenômeno curioso é explicado neste vídeo do canal Horta e Pomar em Vaso, com 430 mil de inscritos e 1,1 milhões visualizações, mostrando por que a dormideira fecha as folhas ao toque:

Que outras plantas também se movem ao toque ou a estímulos externos?

A dormideira é o exemplo mais conhecido, mas outras espécies também apresentam movimentos rápidos ou perceptíveis a olho nu. Algumas são sensíveis ao toque, outras utilizam esse recurso para capturar presas, e muitas realizam movimentos mais lentos ligados à luz e ao ciclo diário.

Esses diferentes tipos de movimentos ajudam a ilustrar a diversidade de estratégias de interação entre plantas e ambiente, seja para defesa, alimentação ou otimização da fotossíntese. A seguir, alguns grupos que exemplificam esses comportamentos:

  • Plantas sensíveis: Algumas Mimosa e Albizia fecham folíolos ou mudam de posição ao toque ou a vibrações.
  • Plantas carnívoras: Espécies como a Dionaea muscipula (armadilha de Vênus) fecham folhas modificadas quando um inseto ativa pelos sensores internos.
  • Movimentos lentos: Muitas plantas abrem e fecham flores diariamente, ajustam folhas à luz ou ao horário, em respostas mais discretas porém constantes.

Quais cuidados são importantes ao observar ou cultivar a Mimosa pudica?

Embora seja tentador tocar repetidamente na dormideira para ver o fechamento das folhas, esse hábito representa gasto de energia considerável para a planta. Cada movimento exige redistribuição de água e íons, o que demanda recursos metabólicos que, na natureza, são poupados para situações realmente críticas.

Em cultivo doméstico ou em áreas de observação, alguns cuidados simples ajudam a manter a planta saudável e a garantir uma interação mais responsável com o seu comportamento sensível:

  1. Evitar estímulos repetitivos apenas por curiosidade, limitando o toque a observações ocasionais.
  2. Observar a planta à distância para perceber padrões naturais de abertura e fechamento ao longo do dia.
  3. Em cultivo, garantir solo bem drenado, boa luminosidade indireta e evitar encharcamento prolongado.
  4. Manter a espécie longe de locais de pisoteio constante, como caminhos e passagens estreitas.

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