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O cheiro do jasmim-manga desperta lembranças que eu não sabia que ainda guardava
Algumas lembranças não precisam de imagem para voltar
O cheiro do jasmim-manga, também conhecido como Plumeria rubra, sempre me acompanhou como um fio invisível ligando o meu passado ao presente. Quando o perfume se espalha ao entardecer, sou levado de volta à infância, aos quintais amplos da casa dos meus avós e aos encontros de família que pareciam nunca ter hora para acabar. Essa árvore ornamental não é apenas uma planta bonita: é quase um personagem da minha vida, com suas flores vistosas e o perfume marcante que se infiltrava pelas janelas, misturando-se às conversas, risadas e silêncios de quem morava ali.
O que é o jasmim-manga Plumeria rubra
Hoje eu sei que aquele “pé de flor cheirosa” no quintal da minha avó era um jasmim-manga, uma árvore de porte médio que pode atingir de 5 a 8 metros de altura, com tronco espesso, galhos grossos e um látex branco que escorre quando um galho é quebrado. Lembro bem de quando, curioso, parti um galhinho e vi aquele leite brilhando ao sol, enquanto minha avó vinha depressa segurar minha mão e me alertar para não passar aquilo no rosto.
As flores sempre foram o grande atrativo: pétalas espessas, levemente cerosas, que variam entre branco, amarelo, rosa e vermelho, às vezes mesclando cores como se fossem pintadas à mão. Eu recolhia as flores caídas e as alinhava no degrau da varanda, como se organizasse um pequeno altar às coisas simples da vida, enquanto ouvia minha mãe explicar que o nome popular “jasmim-manga” vinha do perfume lembrando jasmim e das folhas semelhantes às da mangueira.

Qual é a origem e a importância do jasmim-manga no paisagismo
Do ponto de vista botânico, descobri depois que a Plumeria rubra pertence à família Apocynaceae, a mesma de outras plantas ornamentais tropicais comuns nas calçadas das cidades. É considerada uma espécie rústica, capaz de se adaptar bem a diferentes tipos de solo, desde que receba boa luminosidade e não fique em áreas sujeitas a encharcamento constante.
Em regiões quentes, o jasmim-manga floresce por longos períodos, especialmente na primavera e no verão, tornando-se destaque em jardins residenciais, praças e calçadas. Na minha infância, eu sentia ainda da esquina o cheiro adocicado que me guiava até o portão de casa, sem perceber que aquela árvore também ajudava a sombrear o ambiente e a deixar o espaço urbano mais agradável. Em muitos projetos de paisagismo tropical e contemporâneo, essa espécie é escolhida justamente pela combinação entre sombra, perfume e valor ornamental ao longo do ano.
Por que o perfume do jasmim-manga marca tanto a memória
Sempre me perguntei por que, entre tantos cheiros da infância, o perfume do jasmim-manga permaneceu tão vivo na minha memória. Ele é adocicado, intenso e envolvente, principalmente no final da tarde e à noite, quando o ar mais parado favorece a concentração dos compostos aromáticos liberados pelas flores para atrair polinizadores noturnos, como mariposas e alguns insetos.
A ciência explica que o bulbo olfatório, responsável por processar os cheiros, está diretamente ligado a áreas do cérebro associadas às lembranças e às emoções. Quando respiro o aroma do jasmim-manga, não sinto apenas um cheiro; revisito cenas inteiras, vejo minha avó na cadeira de balanço, meu avô regando o jardim e meus primos correndo sob a copa dessas árvores.
- Cheiros fortes e característicos, como o do jasmim-manga, tendem a ser mais facilmente lembrados ao longo dos anos.
- O contato repetido com o perfume, em situações afetivas positivas, reforça a ligação entre aroma e memória.
- Ambientes marcantes, como casas antigas, varandas e quintais, funcionam como cenário emocional para esse cheiro.
A relação entre o perfume do jasmim-manga e memórias da infância é abordada neste vídeo do canal Nô Figueiredo, que conta com 570 mil de inscritos e soma 144 mil visualizações. Ao assistir, você entende por que esse aroma costuma despertar lembranças tão profundas:
Como cuidar do jasmim-manga no jardim de forma prática
Quando finalmente tive meu próprio jardim, decidi plantar um jasmim-manga para trazer ao presente um pouco do cheiro do meu passado. Aprendi, na prática, que o cultivo é simples para quem dispõe de espaço e boa incidência de sol, pois a planta precisa de luz direta por várias horas ao dia para florescer bem e exalar seu perfume com intensidade.
O solo ideal é bem drenado, levemente fértil e sem encharcamento, lembrando o chão simples, porém amplo, onde o jasmim-manga da casa antiga crescia perto do muro. Para plantar minha própria Plumeria rubra, segui alguns cuidados básicos, como se repetisse, agora com consciência, o que meus avós fizeram intuitivamente.
- Escolha do local Optei por um ponto do jardim com sol pleno, prevendo o espaço que a copa ocuparia no futuro.
- Preparo do solo Usei terra solta, com boa drenagem e matéria orgânica para favorecer o enraizamento.
- Rega moderada Mantive o solo úmido, sem encharcar, observando que a planta tolera bem curtos períodos de seca.
- Poda de formação Removi galhos secos ou mal posicionados, ajudando a formar uma copa harmoniosa e segura.
- Cuidado com o látex Passei a usar luvas nas podas, evitando contato da seiva branca com pele e olhos.
O jasmim-manga é seguro e quais cuidados exigir
Com o tempo, percebi que, embora muito usado como planta ornamental, o jasmim-manga exige atenção ao seu látex branco, que contém substâncias capazes de causar irritação na pele e nas mucosas. Hoje, sempre que faço podas ou manuseio galhos quebrados, uso luvas e oriento as crianças a não mexerem na seiva ou nas partes recém-cortadas.
Também ouvi histórias sobre usos medicinais da Plumeria rubra, transmitidas por vizinhos que conheciam “remédios do mato”, mas, sem orientação profissional, nunca me senti seguro para qualquer uso interno. Para mim, em contexto urbano, sua principal função continua sendo arborizar, embelezar e sustentar um papel afetivo profundo, como uma ponte silenciosa entre a casa dos meus avós e o jardim que cultivo hoje.