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Ver folhas caindo fora do outono não é sinal de problema na árvore
Clima, água e adaptação ao ambiente influenciam a queda das folhas
Em muitas cidades, é comum observar árvores soltando folhas em períodos quentes ou chuvosos, sem relação direta com o outono. Esse comportamento chama a atenção de quem passa pelas ruas, especialmente quando espécies como a sibipiruna parecem entrar em um “outono particular” em plena primavera ou verão. A explicação envolve fatores ambientais, biológicos e urbanos, que influenciam o ritmo natural de renovação da copa e a adaptação das plantas ao clima.
Por que algumas árvores soltam folhas fora do outono
A queda de folhas fora do outono nem sempre indica problema de saúde na planta. Em muitos casos, trata-se de uma estratégia natural de adaptação ao ambiente, comum em espécies nativas de regiões tropicais, como a Poincianella pluviosa, nome científico da sibipiruna.
Essas árvores evoluíram em locais com variação de chuva, calor intenso e solos rasos, o que favoreceu mecanismos de economia de água e energia. Ao perder parte das folhas em determinados períodos, a planta ajusta sua copa às condições de luz, temperatura e umidade, mantendo-se funcional ao longo do ano. Em algumas espécies, esse padrão de queda de folhas está associado também ao ciclo de floração e frutificação, o que torna a renovação da copa ainda mais estratégica.

Como a adaptação ao clima influencia a queda de folhas
A principal razão para que uma árvore reduza a folhagem em épocas variadas do ano é a adaptação ao clima. Ao diminuir a quantidade de folhas, a planta reduz a perda de água por transpiração, algo essencial em períodos de estiagem, calor extremo ou variações bruscas de temperatura.
Em áreas urbanas, o efeito é intensificado, pois asfalto e concreto elevam a temperatura e ressecam o ambiente. Algumas espécies não perdem todas as folhas de uma vez, mas fazem uma renovação gradual, em que a copa pode parecer rala por algumas semanas até a brotação de novas folhas mais eficientes na captura de luz. Esse processo de ajuste foliar faz parte da fisiologia das plantas e está diretamente ligado ao balanço entre ganho de energia (fotossíntese) e perda de água.
Como funciona a queda de folhas na sibipiruna
A sibipiruna é amplamente usada no paisagismo de ruas, praças e avenidas brasileiras. De médio a grande porte, com copa ampla e flores amarelas vistosas, é uma espécie nativa adaptada ao clima tropical e considerada semidecídua, ou seja, pode perder parte significativa das folhas sem que isso represente dano grave.
Durante períodos de mudança de tempo, como transição entre estações chuvosas e secas, a sibipiruna percebe sinais ambientais de umidade, luz e temperatura. Nessas condições, ativa a formação de uma camada de abscisão, que separa a folha do galho e provoca a queda de numerosos folíolos, muitas vezes acompanhada de floração ou brotação intensa. Em geral, logo após essa fase de desfolha parcial surge uma copa renovada, com folhas mais jovens e eficientes.
Quais fatores urbanos intensificam a queda de folhas
No ambiente urbano, diversos fatores podem acentuar a perda de folhas, não apenas na sibipiruna, mas em várias árvores de rua. Obras, compactação do solo, calor excessivo, poluição e podas inadequadas interferem na saúde da planta e podem acelerar o descarte de folhas, sobretudo em períodos de maior estresse.
Essas condições alteram o acesso à água, a temperatura ao redor da copa e até a eficiência das folhas na fotossíntese. Entre os fatores mais comuns que afetam diretamente a queda de folhagem, destacam-se:
- Estresse hídrico: calçadas cimentadas e solo compactado dificultam a infiltração de água, criando “seca” mesmo em épocas chuvosas.
- Ilhas de calor: asfalto e prédios aumentam a temperatura local, levando a árvore a reduzir a área foliar para economizar água.
- Poda agressiva: cortes mal planejados desbalanceiam a copa e forçam a planta a se ajustar, descartando parte das folhas.
- Poluição atmosférica: fuligem e gases reduzem a eficiência das folhas, acelerando seu envelhecimento e queda.
Algumas árvores soltam folhas mesmo fora do outono, o que costuma causar estranhamento. Neste vídeo do canal Minuto da Terra, que reúne mais de 1.24 milhões de inscritos e soma cerca de 200 mil visualizações, você entende por que isso acontece e o que a árvore está sinalizando:
Por que a queda de folhas pode ser uma estratégia de sobrevivência
A queda de folhas fora do outono é vista como uma estratégia de sobrevivência. Em vez de manter folhas velhas e pouco eficientes, a árvore as renova, ajustando a copa às condições do momento. Isso aumenta a resistência diante de ondas de calor, secas prolongadas e chuvas irregulares, eventos cada vez mais frequentes nas cidades.
As folhas que caem também exercem papel ecológico importante, formando uma camada sobre o solo que ajuda a manter a umidade, reduzir a temperatura próxima às raízes e devolver nutrientes por meio da decomposição. Onde a varrição é constante, esse ciclo é interrompido, exigindo gestão cuidadosa da arborização para preservar a saúde das espécies. Em áreas onde se permite um pouco mais de serrapilheira (camada de folhas no solo), costuma-se observar solo mais fértil, fauna de insetos mais rica e raízes mais protegidas.
Como avaliar se a queda de folhas indica problema na árvore
A perda de folhas não deve ser analisada isoladamente, pois a árvore pode estar apenas em renovação natural da copa. Observar outros sinais de vitalidade é fundamental, como a presença de brotos, floração, integridade do tronco e condições do solo, antes de concluir que há um problema de saúde vegetal.
Alguns passos simples ajudam o morador ou responsável pela área verde a entender se a situação é apenas uma curiosidade da natureza ou se requer acompanhamento técnico especializado:
- Observar se há brotação nova após a queda intensa de folhas.
- Verificar se a árvore apresenta flores ou frutos, indicando ciclo ativo.
- Notar possíveis danos físicos no tronco ou encharcamento ou ressecamento do solo.
- Buscar orientação técnica caso a árvore permaneça sem folhas e sem sinais de recuperação.