Internautas teme que BYD transforme fábrica no Brasil em centro de distribuição

A fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia, tem sido um ponto focal de discussões e preocupações entre os trabalhadores e o sindicato dos metalúrgicos locais. A questão central gira em torno do papel que essa unidade desempenhará no futuro: será um polo industrial de produção de veículos ou apenas um centro de distribuição de peças e veículos semi-montados vindos da China?

O sindicato dos metalúrgicos de Camaçari, liderado por Julio Bonfim, expressou suas preocupações em uma nota oficial. A principal inquietação é que a fábrica possa se tornar um mero centro logístico, em vez de um local de produção industrial. Essa preocupação é alimentada por alguns indícios, como o alto nível de automação planejado para o armazém da unidade e a intenção da BYD de expandir sua frota de navios de carga.

Quais são os indícios de uma transformação logística?

Os trabalhadores e o sindicato apontam para várias evidências que sustentam suas preocupações. Um dos principais fatores é o aumento da capacidade produtiva da fábrica da BYD em Zhengzhou, na China, que pode chegar a 1 milhão de unidades por ano. Além disso, a empresa tem demonstrado interesse em aumentar sua frota de navios, como o Explorer #1, que recentemente transportou mais de 7.000 veículos da China para o Brasil.

Outro ponto de preocupação é o pedido da BYD ao Governo Federal para uma redução fiscal na montagem local de kits em CKD (Completely Knocked Down) e SKD (Semi Knocked Down) na Bahia. Essa estratégia poderia tornar a operação menos nacionalizada, o que, a longo prazo, poderia comprometer o desenvolvimento industrial local.

Qual é o compromisso da BYD com a reindustrialização?

Em resposta às preocupações, a BYD emitiu uma nota oficial reafirmando seu compromisso com a reindustrialização de Camaçari e o desenvolvimento sustentável da região. A empresa anunciou um investimento de R$ 5,5 bilhões, com a previsão de criar 20 mil postos de trabalho diretos e indiretos. A capacidade inicial da fábrica será de 150 mil veículos por ano, com uma nacionalização progressiva dos modelos mais vendidos no Brasil.

A operação da fábrica começará com a montagem dos veículos, enquanto a planta avança para a produção completa. A previsão inicial era que as operações começassem no final de 2024, mas agora a expectativa é que a produção inicie ainda em 2025.

Qual é o papel do sindicato dos metalúrgicos?

O sindicato dos metalúrgicos de Camaçari tem desempenhado um papel ativo na defesa dos interesses dos trabalhadores e da comunidade local. Eles têm pressionado por transparência nas operações da BYD e buscam garantir que a fábrica se torne um verdadeiro polo industrial, em vez de um centro de importação disfarçado de industrialização.

Uma reunião entre representantes do sindicato e da montadora está agendada para discutir o futuro da fábrica. O sindicato continua a atuar com firmeza, buscando assegurar que o futuro da cidade não seja comprometido por estratégias comerciais que possam prejudicar o desenvolvimento industrial local.

Em resumo, o futuro da fábrica da BYD em Camaçari ainda está em discussão, com preocupações legítimas dos trabalhadores e promessas de investimento e desenvolvimento por parte da empresa. O desenrolar dessas negociações será crucial para determinar o papel que a unidade desempenhará na economia local e no setor automotivo brasileiro.