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Agiotagem, extorsão e tráfico: facção sofre prejuízo de R$ 4,9 milhões em drogas

Integrantes do Comboio do Cão usavam lucros da venda de drogas para emprestar dinheiro a juros exorbitantes. Cobranças eram feitas mediante ameaças e uso de arma de fogo. Quatro pessoas foram presas
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crédito: Mila Ferreira/ Correio Brasiliense

Quatro pessoas ligadas à organização criminosa Comboio do Cão foram presas, ontem, acusadas de usar o lucro do tráfico de drogas para financiar uma rede de agiotagem violenta. Altas quantias em dinheiro eram emprestadas a juros exorbitantes e as cobranças eram feitas mediante violência e uso de arma de fogo.

A polícia identificou, ainda, crimes de lavagem de dinheiro e de ocultação de bens. Na operação, denominada Fratelli Bianchi, a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil do DF (PCDF) apreendeu 194 kg de drogas dentro do carro de um dos acusados e bens de alto valor, como carros e motos aquáticas.

Segundo o delegado-chefe da Draco, Paulo Francisco Pereira, em alguns casos, houve uso de arma de fogo e graves ameaças a vítimas que não conseguiram pagar suas dívidas. “Houve um empréstimo feito a uma só pessoa no valor de mais de R$ 500 mil, que culminou em uma cobrança extorsiva e violenta, incluindo ameaças graves a familiares da vítima”, contou.  

Alguns devedores entregavam veículos aos criminosos como garantia dos empréstimos. “Percebemos uma alta rotatividade de veículos em poder deles. Identificamos todo um ciclo que se conecta com o tráfico”, salientou o delegado Paulo Francisco. “Havia uma rotatividade patrimonial, onde os veículos circulavam nas casas dos investigados”, acrescentou.

Com autorização da Justiça, a investigação, classificada pelo delegado como complexa, contou com provas utilizadas em investigações de outros crimes. “Dentro de algumas organizações criminosas, existem vários núcleos, como neste caso. A organização em questão não realizava somente um tipo de atividade criminosa”, explicou o delegado Paulo Francisco.  

Os criminosos cometiam os crimes de usura, que é o empréstimo de dinheiro a juros excessivos, e de extorsão, materializado nas ameaças violentas às vítimas que não conseguiam pagar os empréstimos. “O crime de extorsão é considerado semelhante ao de roubo. Tanto que, no Código Penal, um é o 158 e o outro, o 157”, especificou o delegado-adjunto da Draco, Jorge Lima.

O nome da operação vem do idioma italiano. Fratelli Bianchi significa irmãos brancos, em português, em uma referência ao fato de que, entre as quatro pessoas presas, estavam dois irmãos que atuavam como líderes da organização criminosa. A referência à cor branca é por causa da coloração da cocaína e a escolha do idioma se deve ao fato de que os criminosos agiam de forma semelhante às máfias italianas. “Um tinha mais poder de comando e dava mais ordens, enquanto o outro era mais operacional, pegava em armas e chegou a participar de uma cobrança extorsiva armada”, ressaltou o delegado Paulo Francisco.

Além disso, segundo a polícia, os criminosos movimentavam recursos por meio de empresas de fachada e “laranjas”, numa estrutura de lavagem de capitais que sustentava financeiramente o braço da organização. Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária e nove de busca e apreensão e de sequestro patrimonial, em Águas Claras, Ceilândia e Samambaia, no DF, além de Alexânia, em Goiás. 

Os mandados de busca e apreensão foram realizados em endereços ligados aos criminosos investigados, entre eles, duas distribuidoras, uma delas com CNPJ ativo, mas que não funciona de fato. 

As investigações resultaram no bloqueio de dezenas de contas bancárias, além do sequestro de imóveis e de veículos ligados aos investigados. A operação mobilizou 90 policiais civis do DF e de Goiás, incluindo equipes da Divisão de Operações Especiais (DOE).

Dois dos principais alvos já tinham recebido condenações expressivas. Um deles soma mais de 46 anos de prisão por crimes como homicídio, tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As apurações identificaram que esse mesmo investigado assassinou um integrante da própria facção, mas, em vez de ser punido, o crime acabou reforçando sua liderança dentro do grupo.

Os envolvidos devem responder por organização criminosa, extorsão qualificada, agiotagem e lavagem de capitais. Somadas, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão, além de multas.

Apreensão

Dos 194 kg de drogas apreendidos, 142 kg eram skank e 52 kg, cocaína. A carga foi encontrada dentro de uma caminhonete utilizada por um dos líderes da organização criminosa. O veículo estava estacionado em um local escondido, dentro da garagem de um shopping em Águas Claras, que também tem apartamentos residenciais, onde morava um dos acusados. 

“O veículo em questão, inclusive, estava em nome de um traficante de Goiás, que foi preso em 2015 com 250 kg de drogas. O indivíduo alegou que tinha pego o veículo apenas emprestado para transportar umas mercadorias, mas dentro dele havia uma procuração passando o carro para o nome dele”, relatou o delegado Paulo Francisco Pereira.

A apreensão das drogas causou prejuízo milionário aos traficantes. “Segundo a nossa estimativa, se toda essa droga apreendida tivesse sido vendida aos consumidores finais, a organização teria faturado cerca de R$ 4,9 milhões”, estimou o delegado-adjunto Jorge Lima.

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