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Dossiê indica que Brasil é o país que mais mata trans e travestis no mundo

Jovem trans de 13 anos foi morta a pauladas no Ceará por cobrar dívida de R$ 50 do suspeito

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Adolescente de 13 anos foi agredida até a morte com pauladas e chute em Camocim, no Ceará — Foto: Arquivo pessoal

Adolescente de 13 anos foi agredida até a morte com pauladas e chute em Camocim, no Ceará — Foto: Arquivo pessoal

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) divulgou, nesta sexta-feira (29), um dossiê indicando que em 2020 o Brasil ficou em 1º lugar no ranking dos assassinatos de pessoas trans no mundo, com números que se mantiveram acima da média. De acordo com o levantamento, foram 175 assassinatos, todos contra pessoas que expressavam o gênero feminino. Apesar do alto número, a associação afirma que há subnotificação e ausência de dados governamentais.

A violência chama a atenção em todos os níveis de idade, mas as maiores chances de uma pessoa trans ser assassinada estão na faixa entre 15 e 29 anos. 15 anos foi a idade com que a mais jovem adolescente trans foi assassinada em 2020, exatamente como aconteceu em 2018. Dos 175 assassinatos esse ano, 8 vítimas tinham entre 15 e 18 anos. De acordo com a ANTRA, “o assassinato precoce é o início da tentativa de destruição sistemática de uma população. É a consolidação de um projeto transfeminicida em pleno funcionamento no país – e no mundo”.

O Mapa dos Assassinatos 2020 aponta que, dentre os 109 casos em que foi possível identificar a idade das vítimas, 61 (56%) vítimas tinham entre 15 e 29 anos; e 31 (28,4%) era a idade aquelas entre 30 e 39 anos; oito (7,3%) entre 40 e 49 anos; e 9 (8,3%) entre 50 e 59 anos. Não foram encontrados casos de pessoas trans assassinadas em 2020 com mais de 60 anos. A idade média das vítimas foi de 29,5 anos. A morte prematura de jovens (15 a 29 anos) por homicídio é um fenômeno que tem crescido no Brasil desde a década de 1980, de acordo com o Atlas da Violência 2020.

Em 2020, 71% dos assassinatos aconteceram em espaços públicos, tendo sido identificado que pelo menos 8 vítimas se encontravam em situação de rua. Também foi identificado que pelo menos 72% dos assassinatos foram direcionados contra travestis e mulheres transexuais profissionais do sexo, que são as mais expostas à violência direta e vivenciam o estigma que os processos de marginalização impõem a essas profissionais. É exatamente dentro desse cenário em que se encontram a maioria esmagadora das vítimas, tendo sido empurradas para a prostituição compulsoriamente pela falta de oportunidades encontrando-se em alta vulnerabilidade social e expostas aos maiores índices de violência, a toda a sorte de agressões físicas e psicológicas.

“O que denota o ódio às prostitutas, em um país em que ainda não existe uma lei que regulamente a prostituição que, apesar de não ser crime, sofre um processo de criminalização e é constantemente desqualificada por valores sociais pautados em dogmas religiosos que querem manter o controle dos seus corpos e do que fazemos com eles. Este comportamento da sociedade é constantemente reforçado pelas representações preconceituosas que o senso comum detém da imagem da prostituta e estão relacionadas aos comportamentos considerados como imorais pela sociedade”, aponta o levantamento.

Confira o dossiê completo

 

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