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Brasil

Mercado financeiro vira febre entre jovens de até 25 anos durante a pandemia

Interrupção dos estudos para dedicação aos investimentos se torna prática comum entre adolescentes

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Dados da Bolsa de Valores brasileira indicam que, nos últimos três anos, o número de investidores entre 16 e 25 anos saltou de 18 para mais de 420 mil sendo o grupo que mais cresceu nesse período. Na faixa etária entre 26 e 35 anos, o total já chega a mais de um milhão de pessoas. O crescimento de adolescentes na Bolsa é reflexo do aumento geral de novos investidores no mercado. Há uma década, a bolsa não tinha 500 mil investidores. Atualmente, são mais de 3,2 milhões de CPFs cadastrados.

O aumento se deve principalmente à redução da taxa básica de juros no país. Em 2010, a Selic estava em 10% ao ano e hoje ela está em 2% ao ano. Com os cortes seguidos na taxa básica de juros, o brasileiro tem encontrado na renda variável uma opção para ter retornos mais atraentes.

A alta do Ibovespa nos últimos anos também tem ajudado. Em 2019, o principal índice da B3 acumulou alta de 31,58%, depois ter subido 15% em 2018. Em 2017, a alta foi de 26,86%, enquanto em 2016, foi de 38,93%. Somado a isso, aprender sobre como investir está cada vez mais acessível. Na internet, há uma série de cursos, vídeos e materiais disponíveis.

Entre os modelos de negócio que mais se destacam está o Day Trade, que consiste na compra e venda de ações e contratos futuros ou de opções no mesmo dia. O profissional pode trabalhar com o celular ou computador da onde quiser e como quiser, despertando o interesse sobretudo dos mais jovens.

Essa área também está em alta para os próximos anos. Recentemente um estudo do LinkedIn apresentou as 10 profissões mais procuradas em 2020 e o Day Trader já aparece em nono lugar.

Segundo Dayvison Casal, considerado o melhor Day Trader do Rio de Janeiro e um dos melhores do Brasil, foi graças às estratégias de Day Trade que sua vida mudou durante a pandemia. “Eu era motorista do exército e tive a chance de trabalhar em grandes empresas, porém, ainda não estava feliz. Morava em um lugar chamado KM 32, perdia horas no trânsito, e sentia que poderia estar lucrando mais com o Day Trade do que com meu trabalho tradicional.”

O jovem, de apenas 24 anos, conseguiu consolidar sua vida durante a crise da COVID-19 graças aos esforços nesse campo e faturar mais de R$ 700 mil em apenas 1 ano.

“Com a pandemia e o isolamento pude me dedicar a estudar e aprender mais sobre essa área e hoje vivo integralmente disso. Meus resultados cresceram 400% e pude me mudar para o Recreio, de frente para o mar, o que antes era apenas um sonho.”

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Porém, o crescimento de investidores também liga o alerta vermelho para um grande problema: a falta de experiência. Recentemente uma pesquisa da FGV mostrou que a imensa maioria dos brasileiros que realizam day trade acabam tendo prejuízo.

Entre os 19.696 que começaram a fazer entre 2012 e 2017, apenas 13 tiveram lucro médio diário acima de R$ 300 ao fim desse período, um valor baixo pelo potencial de risco que essa metodologia oferece para quem não domina o assunto, indicando que com falta de experiência e acompanhamento é praticamente impossível obter resultados.

“Tenho oferecido cursos sobre esse tema e cada vez mais vejo jovens interessados no mercado financeiro. Entre meus alunos, o mais jovem investidor possui apenas 14 anos. É muito importante garantir a consultoria adequada a essas pessoas para evitar frustrações. Finanças deveria ser disciplina básica em qualquer escola e com o avanço da pandemia e aumento do desemprego vamos ter cada vez mais gente buscando esse modelo de negócios como opção de trabalho”, explica o investidor.

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