Brasil
Preso, Jair Bolsonaro tem crise de soluços e fica sem salários
Cumprindo pena na Superintendência da PF, ex-presidente recebe a visita do filho 04 e da mulher, mas perde a remuneração do PL
A família de Jair Bolsonaro (PL) demonstrou, nesta quinta-feira (27/11), preocupação com o estado de saúde do ex-presidente, que cumpre pena de 27 anos de prisão por liderar a trama golpista que culminou nos atos de 8 de Janeiro de 2023. O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro voltou a alertar para as crises de soluço do pai, que perdeu o salário que recebia do Partido Liberal como presidente de honra.
A legenda confirmou a suspensão da remuneração de R$ 46 mil mensais e de todas as atividades partidárias do ex-mandatário, devido ao trânsito em julgado de sua condenação, uma medida legal para indivíduos com direitos políticos suspensos.
Na quinta-feira, Bolsonaro recebeu as primeiras visitas após o início da execução da sua pena, com autorização do relator do processo no Supremo Tribunal Federal, ministro Alexandre de Moraes, para que ocorram entre 9h e 11h, de forma individual, e com limite de 30 minutos para cada visitante. Ele recebeu o filho, vereador de Balneário Camboriú (SC), Jair Renan (PL), e a mulher, Michelle Bolsonaro.
O filho mais novo foi o primeiro a chegar, às 9h15. Na sequência, chegou a ex-primeira-dama que, inicialmente, permaneceu no carro, só entrando no prédio da Superintendência da Polícia Federal (PF), onde está preso, por volta das 9h40. Renan informou, posteriormente, que os médicos foram acionados à tarde, devido à intensidade de uma nova crise de soluços. Relatou que o pai não conseguiu dormir durante a noite e que os episódios de refluxo persistiram ao longo de todo o dia.
“Ele está fragilizado. Está muito triste com tudo que está acontecendo. Eu vim tentar levantar o ânimo do meu velho”, que levou uma publicação de caça-palavras para o pai se distrair.
A nova crise de soluços, que começou na madrugada de ontem, foi relatada publicamente por seus filhos nas redes sociais. Carlos, vereador do PL pelo Rio de Janeiro, adotou um tom mais incisivo em sua publicação, indicando que o pai “não vai sobreviver frente a essa injustiça” e que o “sistema está assassinando de forma rápida e brutal” o ex-presidente. Ele confirmou que a crise acentuada e a persistência de soluços e refluxos motivaram o atendimento médico.
Michelle também manifestou descontentamento nas redes sociais, mas com o tempo reduzido de visita autorizado pela Justiça. Ela comparou a visita de ontem com a que fez no domingo, quando permaneceu com o marido por cerca de duas horas.
“Acabei de chegar para ver o meu amor. Enquanto espero o Renan concluir o tempo dele, descanso em Deus. Na primeira visita, estive com ele por duas horas; hoje, apenas 30 minutos”, escreveu Michelle. A presidente do PL Mulher afirmou ainda que, apesar das dificuldades, “o coração permanece em paz, porque o Senhor continua no controle de tudo”.
O ministro Alexandre de Moraes autorizou, para a próxima terça-feira, as visitas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e de Carlos Bolsonaro, com os mesmos requisitos a serem cumpridos. As visitas do preso são restritas a advogados, parentes, profissionais de saúde e pessoas previamente autorizadas pelo Supremo.
À tarde, o PL informou a suspensão da remuneração e das atividades partidárias de Bolsonaro. A legenda citou que a decisão respeita a Lei nº 9.096/95 e se deve à suspensão dos direitos políticos do condenado decorrente do acórdão condenatório da Ação Penal (AP) 2668.
À noite, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho 01 do ex-presidente, postou nas redes sociais que a suspensão das atividades partidárias de Bolsonaro “foi algo obrigatório, e não por vontade do partido”.
“Se ele está arbitrariamente impedido de trabalhar, a lei determina isso”, escreveu o senador.
Também ontem, o Supremo Tribunal Federal publicou as atas das decisões que certificam o trânsito em julgado dos processos e determinam o início imediato do cumprimento das penas dos sete réus que compõem o chamado núcleo crucial da trama golpista. O grupo era liderado pelo ex-presidente e passou por audiências de custódia na quarta-feira.
As decisões foram tomadas durante uma sessão virtual extraordinária da Primeira Turma da Corte, realizada entre os dias 25 e 26. A principal razão para a determinação de cumprimento imediato e o reconhecimento do fim do processo foi o entendimento unânime da turma de que os recursos apresentados — embargos de declaração e embargos infringentes — tinham “caráter meramente protelatório”.
Celular de Nikolas
A defesa de Jair Bolsonaro enviou a Alexandre de Moraes seu posicionamento sobre o fato de o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) ter utilizado um telefone celular enquanto visitava o ex-presidente em prisão domiciliar, prática que estava proibida para o preso e os visitantes. Os advogados afirmaram que o condenado cumpriu estritamente as medidas cautelares e que não fez uso de qualquer telefone, direta ou indiretamente