Quem foi Divaldo Franco, médium que virou referência do espiritismo no Brasil

Divaldo Franco, um dos maiores nomes do espiritismo no Brasil e no mundo, faleceu nesta terça-feira (13), em Salvador, aos 98 anos. Ele lutava contra um câncer na bexiga desde novembro de 2024 e teve falência múltipla dos órgãos. O médium e educador dedicou mais de sete décadas à doutrina espírita e ao trabalho social com crianças e famílias em situação de vulnerabilidade.

Nascido em Feira de Santana, interior da Bahia, em 5 de maio de 1927, Divaldo foi o caçula de 12 irmãos. Desde criança, demonstrava sinais de mediunidade, mas enfrentou forte resistência familiar. Chegou a ser punido fisicamente por relatar visões espirituais, que os pais classificavam como “demoníacas”.

A aceitação veio após uma crise de saúde durante a infância. Uma médium foi chamada para ajudá-lo e identificou que ele era oprimido por um espírito obsessor. A partir desse episódio, sua jornada mediúnica se consolidou.

A Mansão do Caminho e o impacto social

Em 1952, Divaldo fundou a Mansão do Caminho, no bairro de Pau da Lima, em Salvador. O espaço se transformou em um dos maiores complexos sociais espíritas do Brasil, oferecendo:

• Educação infantil, fundamental e médio
• Atendimento médico gratuito
• Cursos profissionalizantes
• Acolhimento de crianças e jovens em situação de risco

Embora não tenha tido filhos biológicos, Divaldo é reconhecido como pai de mais de 600 jovens que passaram pela instituição.

Obras, livros e reconhecimento internacional

Ao longo da vida, Divaldo psicografou mais de 250 livros, muitos deles com mensagens atribuídas a espíritos diversos. A renda das vendas era revertida para manter os projetos sociais da Mansão do Caminho.

Além disso, ele realizou palestras em mais de 70 países, levando mensagens de paz, ética e espiritualidade. Em 2015, ganhou uma biografia escrita pela jornalista Ana Landi.

Em 1998, criou o Movimento Você e a Paz, evento ecumênico realizado anualmente em Salvador, reunindo milhares de pessoas em busca de mensagens de harmonia. A iniciativa já chegou a 75 cidades em 14 países, promovendo reflexões sem viés político ou religioso.

Na edição de 2024, Divaldo não compareceu por conta do tratamento contra o câncer, mas enviou uma mensagem em vídeo exibida ao público. Artistas como Ivete Sangalo e Carlinhos Brown participaram da celebração.