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Carnaval

“100 anos de liberdade, realidade ou ilusão” é declarado hino oficial do Dia Nacional da Consciência Negra no RJ

De autoria de Hélio Turco, Alvinho e Jurandir, o samba representa bem em seus versos o que a data simboliza, o protagonismo negro na história do Brasil

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(Foto: Ricardo Leoni/Divulgação)

Num ano em que a Estação Primeira de Mangueira tem como presidenta uma mulher negra, que tem sua origem no morro de onde nasceu a agremiação, um de seus sambas mais importantes e conhecidos, que ganhou o mundo, é declarado como hino oficial do Dia Nacional da Consciência Negra no RJ, celebrado no dia 20 de novembro em todo o país.

Aprovado na Alerj, o governador Cláudio Castro sancionou nesta segunda-feira (10) a Lei nº 9.988/23, do ex-deputado Chiquinho da Mangueira, que torna o samba-enredo “100 anos de liberdade, realidade ou ilusão”, um símbolo da luta contra o racismo e a desigualdade.

De autoria de Hélio Turco, Alvinho e Jurandir, o samba representa bem em seus versos o que a data simboliza, o protagonismo negro na história do Brasil. A canção cita a Lei Áurea não como um ato de liberdade assinado pela princesa Isabel, já que não deu as garantias mínimas aos libertos, mas sim como uma reflexão crítica e atual que busca questionar se o ato assinado em 1888 não seria apenas uma ilusão. O objetivo é demonstrar a luta histórica e a resistência cotidiana dos negros em busca de igualdade e contra os preconceitos, mostrando Zumbi dos Palmares como o protagonista dessa luta por liberdade e igualdade que se busca até os dias de hoje.

A lei determina que a adoção do samba como hino seja amplamente debatida com os movimentos negros.

Para Alvinho, um dos compositores, esta notícia é um grande presente para todos, em especial ao seu parceiro Hélio Turco, presidente de honra da agremiação.

“Estou muito feliz com essa notícia, certamente um momento importante para qualquer compositor, ao entrar para a história da Estação Primeira de Mangueira através de uma data tão significativa. Só tenho que exaltar os meus parceiros, Jurandir, in memorian, e principalmente o Hélio Turco, presidente de honra e maior compositor da Mangueira.

É um samba que já tem 35 anos, com várias regravações, sempre muito bem avaliado pela crítica em geral e que foi a voz de um desfile inesquecível, que nos rendeu um vice-campeonato. É um momento de grande alegria, destacou Alvinho.”

Atual presidenta da Estação Primeira de Mangueira, Guanayra Firmino, que realiza um trabalho de valorização do negro e dos crias do Morro da Mangueira através de sua gestão, também destacou a importância de ter um samba da verde e rosa amplamente debatido nos movimentos negros.               

“Com máximo respeito a todas as co-irmãs, muitas com relevantes destaques através de seus trabalhos sociais e grandes desfiles que foram exaltados pela temática em defesa do negro, estou muito feliz que tenha sido um hino da Mangueira escolhido para representar esta causa. Temos esta história em nossos ancestrais e guardamos esta luta através de ações e posicionamentos. É a Estação Primeira cumprindo seu papel, de ser muito mais do que uma escola de samba. É a cultura do país garantindo seu lugar de fala, dando voz a uma gente muito oprimida. Parabéns aos compositores pelo presente que nos foi dado mais uma vez”, finalizou Guanayra.

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