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Ciência

Episódios envolvendo atleta Arthur Nory e a ginasta Simone Biles chamam mais uma vez atenção para ‘Síndrome de Burnout’

Ambos, favoritos em suas modalidades, relataram como o estresse influenciou seu desempenho

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Na imagem, Simone Billes
Episódios envolvendo o atleta Arthur Nory e a norte-americana Simone Biles chamam mais uma vez atenção para a Síndrome de Burnout (Reprodução: Twitter)
Na imagem, Simone Billes

Episódios envolvendo o atleta Arthur Nory e a norte-americana Simone Biles chamam mais uma vez atenção para a Síndrome de Burnout (Reprodução: Twitter)

Carregar nas costas a imensa responsabilidade de representar um país inteiro e trazer medalhas, alavancar o orgulho de toda uma nação e corresponder além das próprias expectativas, aos anseios de outras pessoas, foi demais para alguns atletas nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Simone Biles abandonou as finais da ginástica artístiva, apesar de seu enorme favoritismo. Causou estranhamento nos fãs e na equipe, que prontamente se posicionou e alegou que a atleta se retirou das competições para poder cuidar melhor da sua saúde mental. Biles é a ginasta norte-americana de maior sucesso de todos os tempos e, além de quatro ouros, ganhou um bronze na Rio 2016. Não é pouca coisa: ganhadora de 30 medalhas em Olimpíadas e Mundiais, Biles está a quatro pódios de se tornar a ginasta mais premiada — entre homens e mulheres — da história.

“Temos que proteger nossa mente e nosso corpo, em vez de apenas fazer o que o mundo quer que façamos”, declarou Biles ao jornalistas que cobriam o evento.

Ela já havia sinalizado que algo não andava bem  quando, após a fase classificatória da ginástica, cometeu erros atípicos à sua trajetória. “Eu sei que eu me esforço e faço parecer que a pressão não me afeta, mas às vezes é difícil”, declarou.

Fato parecido ocorreu com o brasileiro Arthur Nory que desabafou após ataques e contou que sofre depressão e Burnout. Desde 2015, o campeão de barra fixa, não se recuperou das consequências do ato racista que cometeu e pelo qual se desculpou em uma rede social:

“Pois é… Aconteceu… Errei e erros acontecem pra quem é ser humano. Na vida e no esporte. Assumo toda responsabilidade. É doído, é complicado, mas vem como um aprendizado. Aprendendo todos os dias a ser uma pessoa melhor e poder inspirar outras pessoas. Ser resiliente pra aguentar a pressão dentro e fora do ginásio. Me superar todos os dias, as dores, ficar longe de casa, as críticas, os linchamentos e colocar a cara a tapa, de frente. Hoje sem medo, sem medo de falar, sem medo de assumir, sem medo me perdoar, sem medo de me amar. Para os que comemoram o fracasso alheio, meu desejo de que evoluam. (como vi muitos aqui),. Foi um dia de aprendizado e vontade de querer estar mais e mais…”, ele escreveu.

Para Arthur, medalhista de bronze no solo em 2016, os xingamentos foram o principal empecilho para que levaram ao esgotamento mental que culminaram no desempenho mostrado.

Para o médico José Fernando Vilas, autor do livro “Quando o sucesso vira Burnout”, a síndrome acontece quando as demandas são superiores a capacidade do profissional de manter a produção a longo prazo. As pesquisas demonstram que o planeta adoeceu nos últimos meses, não só pelo vírus, porém pelo desgaste emocional causado por todo processo de realocação de trabalho, especialização de mão de obra, e questões financeiras. Assim, nem os atletas ficaram de fora neste ínterim.

 Dr José Fernando Vilas

Para o Dr José Fernando Vilas é importante a precocidade na abordagem e procurar um profissional para obter a ajuda necessária (Divulgação)

“Lidar com as exigências da profissão pode levar a dois polos: o sucesso ao burnout. Jovem, atleta, alimentação saudável, qualidade do sono não foram suficientes para manter a saúde mental no período de olimpíadas do ginasta Arthur Nory. As demandas, o fardo de estar em superprodução, superdesempenho corporal leva a um profundo desgaste, podendo até comprometer a produtividade. Mídia, holofotes, um país inteiro na cobrança por título, patrocinadores, é uma conta desleal. Não há equilíbrio emocional que aguente tal desatino. Chegou a hora de abrirmos os olhos e entendermos que de fato a profissão, independente da classe, quando não é bem administrada, leva ao adoecimento. E, quanto mais precoce a abordagem terapêutica, menor são os resíduos que o burnout deixa. Uma alma ferida pelo burnout demora para entrar no rumo novamente.”, afirmou o médico.

Em ambos os casos, atletas de alto escalão. Pessoas que dedicam sua vida, mudam seu estilo de vida, aguentam uma pressão psicológica absurda, mudança na alimentação, afastamento de suas famílias, vida pessoal exposta.

São inúmeros os fatores que podemos descrever que poderia servir como gatilho para o burnout.

“A síndrome do esgotamento profissional , síndrome de Burnout, relatada nos 2 casos acima é formada por 3 facetas: a exaustão física e mental que o individuo começa a exercer a sua função com extrema falta de energia; despersonalização , que nós chamamos de frieza, que é o momento da síndrome onde o individuo exterioriza a síndrome e age friamente com as demandas das pessoas que necessitam de seu auxilio; e inshgt de se sentir incapaz em realizar suas funções, não se sente capaz de trabalhar naquilo que se dedicou uma vida inteira.”, complementa o médico.

Mais poderia ser feito” pela saúde mental dos atletas, afirmou o porta-voz da Comissão Olímpica Internacional, Mark Adams. Ele disse que a saúde mental continua sendo uma grande questão e que a organização vem trabalhando há algum tempo.

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