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Ciência e Saúde

Giro anormal da Terra ameaça GPS, bancos e telecomunicações

Rotação da Terra acelera além do normal e expõe riscos em redes que sustentam serviços globais de alta precisão

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Planeta Terra. Créditos: depositphotos.com / dell640

Nesta terça-feira (22), a Terra vive um dos dias mais curtos de sua história recente: faltam exatos 1,34 milissegundos para completar as tradicionais 24 horas. Embora uma diferença tão pequena pareça irrelevante, os efeitos se espalham por setores essenciais da sociedade moderna, especialmente naqueles que dependem de relógios atômicos e sistemas digitais precisos.

Esse fenômeno, caracterizado por uma rotação terrestre ligeiramente mais rápida, desafia conceitos estabelecidos sobre a contagem do tempo. O ajuste de apenas alguns milissegundos tem desdobramentos relevantes para tecnologias globais e levanta discussões sobre possíveis mudanças inéditas na forma como é feita a sincronização universal dos relógios.

Como o giro acelerado da Terra influencia o tempo?

A principal palavra-chave deste tema, rotação da Terra, está no centro de um cenário em transformação. Pequenas variações na duração do dia afetam diretamente os relógios atômicos, considerados padrão de precisão para o Tempo Universal Coordenado (UTC) e, por consequência, para a administração do tempo em escala global. Um giro mais veloz reduz a diferença entre o tempo solar e o tempo atômico, exigindo adaptações no controle das horas.

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Relógio – Créditos: depositphotos.com / HayDmitriy

Até o momento, a estratégia tradicional para corrigir essas diferenças tem sido a inserção de “segundos bissextos”. No entanto, com a persistência dessa tendência de aceleração, surge a possibilidade inédita de uma correção inversa: a eliminação de um segundo do relógio oficial, chamada de segunda bissexta negativa. Essa abordagem nunca foi aplicada e, caso implementada, exigirá ajustes coordenados em diversos países.

No que essa aceleração afeta sistemas digitais e tecnologias?

A precisão dos horários mundiais não é apenas uma questão científica, mas é fundamental para o funcionamento de redes de GPS, sistemas de telecomunicações e processamento de transações financeiras. Uma diminuição de milissegundos no tempo total do dia pode complicar a sincronia entre satélites e dispositivos terrestres, influenciando o funcionamento de aplicativos de navegação, comunicação de dados e o registro exato de operações bancárias.

  • GPS: necessita de sincronia rigorosa para garantir precisão no posicionamento.
  • Telecomunicações: falhas na sincronia podem resultar em perda de dados e interrupções de serviço.
  • Servidores e sistemas financeiros: a correta anotação de horários garante validade jurídica de operações.

O acúmulo de divergências pode provocar problemas em diversas áreas, tornando a adaptação ao novo compasso planetário um tema de relevância recorrente em conferências de tecnologia e ciência.

O que está deixando a Terra mais “apressada”?

Os fatores responsáveis pelo aumento da velocidade de rotação da Terra incluem uma combinação de causas naturais e mudanças globais. Um aspecto significativo é a influência da Lua. Em determinados períodos chamados de “standstill lunar”, o satélite natural atinge posições extremas que reduzem seu efeito de “freio” gravitacional sobre o planeta, permitindo um giro mais veloz.

Outros elementos contribuem para esse fenômeno, como a dinâmica interna do planeta, envolvendo movimentação do núcleo líquido, além de redistribuição de água — por exemplo, o derretimento de geleiras ou a recarga de grandes aquíferos. As correntes de jato na atmosfera também desempenham papel importante: durante o verão do hemisfério norte, a variação de temperatura entre o Equador e os polos diminui, alterando o ritmo dos ventos de alta altitude e, consequentemente, a rotação do globo.

  1. Influência lunar: redução do efeito de maré em certos períodos.
  2. Movimentação de massas internas: alterações no núcleo e no manto da Terra.
  3. Fenômenos climáticos globais: mudanças nas correntes atmosféricas e redistribuição hídrica.

Como a gestão do tempo pode mudar diante desse cenário?

A possibilidade de introdução da segunda bissexta negativa — ou seja, a retirada de um segundo do UTC — pode revolucionar processos de padronização global do tempo. Atualmente, a adição de segundos serve para alinhar o relógio atômico ao tempo solar, mas, diante do ritmo acelerado, será preciso remover tempo, algo sem precedentes. Especialistas estimam que, caso a tendência de aceleração continue, a adoção dessa medida poderá ocorrer já em 2029.

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Planeta Terra (Créditos: depositphotos.com / FrameAngel)

Adaptações desse porte exigem consenso internacional, uma vez que qualquer alteração afeta legislações, padrões industriais e a interoperabilidade entre sistemas digitais. Governos, empresas de tecnologia e organismos de padronização acompanham de perto os desdobramentos para definir como será conduzida a atualização sem impactar negativamente operações sensíveis.

Por que cada milissegundo importa para a vida moderna?

O acompanhamento preciso da rotação da Terra revela não só a complexidade do próprio planeta, mas também a dependência crescente de sistemas humanos em relação à sincronia temporal. Em um mundo cada vez mais interconectado, pequenas diferenças acumuladas podem resultar em falhas em redes, atrasos em serviços digitais e até mesmo questionamentos legais em registros de eventos.

Esse cenário reforça o papel central da ciência geofísica e da engenharia na manutenção da ordem social e tecnológica. À medida que a Terra altera seu compasso, ajustes milimétricos são necessários para garantir que relógios, satélites e servidores permaneçam em sintonia com os ritmos naturais. O fenômeno, por mais imperceptível que seja na rotina cotidiana, sinaliza a necessidade de constante adaptação diante dos desafios postos pelo próprio planeta e pela evolução da tecnologia.