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Ciência

Neurocientista alerta sobre uso indiscriminado de remédios para hiperatividade em autistas

Hiperatividade é uma das características que, quando encontrada em uma criança autista, pode gerar ainda mais dificuldades nas relações sociais e no aprendizado

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Neurocientista alerta sobre uso indiscriminado de remédios para hiperatividade em autistas
Neurocientista alerta sobre uso indiscriminado de remédios para hiperatividade em autistas (Foto: Divulgação)

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Autismo são condições diferentes, porém, é possível encontrar crianças que possuam as duas patologias. Somadas, elas geram uma maior dificuldade de aprendizado, memorização e adequação à criança, o que faz com que muitos desses pacientes sejam submetidos à medicação antes dos 12 anos de idade.

A neurocientista Elainne Ourives explica que a medicação para hiperatividade, ainda tem um efeito invasivo que pode gerar efeitos colaterais como aumento de pressão arterial e danos no fígado, bem como também podem causar danos ao cérebro e ao comportamento das crianças. Sintomas como ansiedade, irritabilidade, estresse ou descontrole emocional podem piorar.

“Como a ritalina ou outros psicofármacos do gênero, atuam diretamente no sistema nervoso central, na liberação intensa de neurotransmissores do bem-estar, como dopamina e noradrenalina, os efeitos colaterais afetam, basicamente, todos os órgãos. Isso pode interferir, na construção da personalidade da criança, que passa a receber doses excessivas de neurotransmissores, de maneira estimulada e artificial” alerta a neurocientista.

“Há muita precipitação no diagnóstico, no desespero e na preocupação dos pais”. Uma criança mais irritada ou nervosa, por exemplo, não deveria ser compreendida como alguém doente, obrigatoriamente. Talvez ela apenas esteja aprendendo a lidar com as adversidades e com limites. Um caso de súbita tristeza não significa que a criança esteja deprimida ou com depressão.

“O cérebro da criança se desenvolve muito rapidamente até os 12 anos de idade; por isso, é preciso ter paciência, ser minucioso e fazer o devido acompanhamento clínico e psicossocial. Nesse sentido, a sociedade, os pais, a medicina, os profissionais de saúde podem olhar a criança de modo mais sistêmico, holístico, respeitando mais o tempo e o próprio desenvolvimento, antes do diagnóstico.”

Em contramão aos fármacos, existem alternativas para lidar com TDAH em crianças autistas. Elainne Ourives destaca que o principal apoio para essas estratégias são os pais. “É necessário acompanhamento próximo aos filhos, porque o processo de ajuste e melhora do quadro é conjunto e envolve todos na família. No caso dos tratamentos alternativos, os pais podem recorrer a técnicas de relaxamento, de respiração e de meditação, para acalmar a mente e equilibrar o ritmo das ondas cerebrais como: yoga, acupuntura, shiatsu, que vão ajudar na concentração, diminuir a ansiedade e o ritmo de agitação cerebral”, destaca.

O lar em que a criança está inserida também influencia na abordagem, por isso a organização da casa deve ser uma prioridade, pois isso vai ajudar no desenvolvimento das tarefas e minimizar o comportamento impulsivo e desatenção. “É necessário ainda estimular a atividade física porque exercícios regulares ajudam a diminuir a hiperatividade e também a estimular a produção de neurotransmissores como ocitocina ou dopamina no cérebro. Ou seja, a produzir hormônios de bem-estar, alegria e satisfação. Os cuidados também passam pela alimentação. É preciso evitar alimentos ricos em corantes, conservantes ou açúcares, que podem determinar e potencializar o comportamento agressivo ou da impulsividade”, destaca.

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