Coronavírus

Daniel Soranz, ex-secretário municipal de Saúde, sobre troca em esfera estadual: “Foi inevitável”

Foto: Divulgação (Érica Ramalho / Alerj)

O fim de semana da saúde do Rio de Janeiro foi dos mais tumultuados em meio à pandemia do coronavírus. Diante do impasse envolvendo leitos, pacientes, vagas e corrupção, Edmar Santos foi exonerado da secretaria estadual e substituído por Fernando Ferry. A Super Rádio Tupi ouviu Daniel Soranz, professor da Escola Nacional de Saúde Pública (Fiocruz), epidemiologista e secretário municipal de Saúde entre os anos de 2013 e 2016.

“O momento é muito delicado para todo o estado do Rio de Janeiro. Além da pandemia do coronavírus, temos alguns escândalos gravíssimos de corrupção dentro da Secretaria de Saúde. Foi inevitável a saída do secretário de estado, até para dar mais transparência na investigação desses processos. Outro problema sério é como justificar a implementação de hospitais de campanha, tendo leitos disponíveis nas redes federal, estadual e municipal, sem funcionar por falta de recursos humanos. O mais lógico, seria abrir esses leitos dos hospitais já existentes, garantindo melhor desempenho clinico e melhor utilização do recurso público. Temos os exemplos do Hospital Estadual Anchieta, no Caju, praticamente fechado e com leitos vagos, e outro é do hospital Ronaldo Gazolla, em Acarí, da Prefeitura, e tem 1.500 leitos fechados por falta de contratação de médicos e enfermeiros”, avaliou o ex-secretário de saúde do município.

Durante algumas horas do domingo, com o Brasil tendo Eduardo Pazuello como ministro da Saúde e Edmar Santos exonerado, e sem a definição de um substituto, só a esfera municipal tinha um nome. E mesmo assim, numa condição complexa. Beatriz Busch pediu demissão há pouco menos de duas semanas, mas voltou atrás na decisão e foi mantida no cargo.

“Todos esperam uma maior integração entre a Prefeitura, que já teve uma secretária (Beatriz Busch) que pediu para sair do governo Crivella e foi mantida no cargo, duas trocas de ministro da Saúde do governo Bolsonaro e agora uma troca de um secretário estadual de Saúde e troca de subsecretários. Isso gera uma instabilidade no sistema como um todo e uma paralisia nos processos administrativos. Nesse momento, que a população precisa do serviço de saúde organizado, as três esferas de governo encontram-se em situação desestruturada no ponto de vista administrativo. O resultado é que mais de 1.600 pessoas estão esperando um leito de enfermaria comum, ou leito de CTI, para serem internadas, e esses leitos não são liberados por falha de administração. Muitas pessoas estão nas salas vermelhas e amarelas em situações precárias e vai aumentar muito o número de letalidades no município do Rio de Janeiro”, lembrou Daniel Soranz, sobre fato ocorrido recentemente na pasta da saúde municipal.

A atual fase é considerada a de transição entre os dois secretários. Ciente disso, Soranz fez questão de analisar o legado positivo deixado por Edmar Santos e também ressaltar as principais características Fernando Ferry.

“São três pontos muito positivos da gestão do Edmar Santos durante a pandemia da Covid-19. Primeiro, a implantação de um teleatendimento remoto para os pacientes que tem sintomas respiratórios e são suspeitos de coronavírus pelo 160, na Secretaria de Estado de Saúde. Facilitou muito o contato do paciente para obter informações sobre a doença. Outro ponto, a integração e entre a Secretaria Estadual de Saúde e o Hospital Universitário Pedro Ernesto para o atendimento à Covid-19. O terceiro ponto foi a transformação dos leitos do Hospital do Cérebro (Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer), utilizando já a capacidade e os profissionais que trabalhavam naquela instituição colocando os leitos no perfil que se precisa atualmente, já que as cirurgias eletivas foram suspensas por causa da pandemia. A gente deseja sucesso ao novo secretário, que também é proveniente de um hospital universitário, isso vai ajudar nas decisões baseadas em evidências científicas. Ele tem proximidade com o prefeito Marcelo Crivella, o que facilita a integração entre as redes estaduais e municipais. E ele vai ter o desafio de cancelar os contratos em suspeita para elaborar novos, com outras instituições, que não sejam essas que estão aí atualmente”, concluiu.

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