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Coronavírus

Diretor Cemiterial da Rio Pax garante: “Não temos problemas com abastecimento”

Ronaldo Milano afirmou que o crescimento de sepultamentos em abril atingiu 45%

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Foto: Cemitério de Irajá. Arquivo pessoal

A pandemia do novo coronavírus fez elevar a demanda do setor funerário em grande parte do Brasil. Nos 21 cemitérios públicos e privados na cidade do Rio de Janeiro o número de enterros e cremações cresceu mais de 70%. As empresas aumentaram em cerca de 15% a produção e se mostram prontas para atender um aumento de mais de 50% da demanda.

Foto: Cemitério de Irajá. Arquivo pessoal

A Prefeitura do Rio de Janeiro informou que está acompanhando atentamente aos acontecimentos tanto dentro da Cidade quanto no Estado do Rio de Janeiro e demais municípios do país. Através da Coordenadoria Municipal de Cemitérios, tem sido realizadas reuniões com diversos órgãos envolvidos diretamente na pandemia, a fim de se programar para quaisquer acontecimentos relacionados a um grande aumento de mortes por Covid-19 e, assim, poder atuar com rapidez e eficiência.

A reportagem da Super Rádio Tupi conversou com Ronaldo Milano, Diretor Cemiterial da concessionária Rio Pax, que administra seis cemitérios públicos como São João Batista, Inhaúma, Irajá, Campo Grande, Jacarepaguá e Piabas. Ronaldo comentou sobre o impacto da doença.

“Acabou criando um aumento no número de óbitos e, consequentemente, aumentou o número de sepultamentos. Nesse mês de abril houve um aumento de 45%. A concessionária Rio Pax desde o início da concessão em agosto de 2014 vem com um planejamento de expansão para novas obras de sepulturas nos seus seis cemitérios. Graças às obras planejadas, nós já inauguramos 10.840 gavetas entre os cemitérios de Campo Grande, Irajá e Inhaúma. Estamos em execução com 13 mil gavetas para Campo Grande, 12 mil para Irajá, 6.470 para Inhaúma. Jacarepaguá tem previsão de 12 mil gavetas e o São João Batista 7 mil. Conforme são construídos os blocos vamos inaugurando. A gente tem certeza que hoje estamos conseguindo atender a demanda. A Rio Pax tem um estoque central em torno de mil urnas funerárias. Não temos problemas com abastecimento” explicou Ronaldo.

Foto: Obras no Cemitério de Inhaúma. Brenno Carvalho/Extra

Desde 2014, bem antes da pandemia do coronavírus, as administrações dos cemitérios, tanto os públicos quanto os particulares, têm investido na modernização e em ampliações de novas vagas. Portanto, mesmo que haja um aumento na demanda, os cemitérios estão aptos a receber mais sepultamentos ou cremações. A capacidade de vagas nos cemitérios está totalmente adequada para o momento atual.

Entre os dias 20 de março e 28 de abril, ocorreram 390 sepultamentos e/ou cremações com óbitos relacionados à Covid-19. Para o mesmo período, os casos suspeitos do novo coronavírus e devidamente atestados nos óbitos já somam 531. De acordo com o levantamento, os dias 29 e 30/4 e 1 e 3/05 ainda não foram computados.

“Pelas notícias que estamos vendo a gente está no meio da ladeira, não sei se já chegamos ao pico. O que posso dizer é que estamos preparados tanto na parte de urnas, como de equipamentos para atender caso a demanda venha ter um novo aumento de óbitos” afirmou Ronaldo.

 Treinamento 

Todos os coveiros dos cemitérios fizeram treinamento com os Técnicos de Segurança do Trabalho (TST). Também foram confeccionadas cartilhas tanto para os trabalhadores quanto para os visitantes e o álcool gel está sempre à disposição de todos, inclusive nos escritórios.

Outro item muito importante é o uso permanente de todos os EPIs (equipamentos de proteção individual) necessários por parte dos funcionários que realizam os sepultamentos ou cremações, que são: touca ou gorro, óculos, máscara, avental e luvas. Ronaldo Milano fez questão de ressaltar o trabalho desses profissionais.

“Da mesma forma que os médicos são pessoas incríveis, principalmente nesse momento verdadeiros heróis, os nossos colaboradores também são. Apesar de todos os receios e ansiedades causados pela pandemia da covid-19, eles estão cumprindo a missão de efetuar o sepultamento com muita dedicação e comprometimento. Estão atendendo de forma digna, acolhedora e humanizada as famílias” exaltou.

 Procedimento para sepultamentos por covid-19

Todos os 21 cemitérios têm recebido orientações para os atendimentos dos serviços funerários e sempre estão reforçando a importância da adoção de medidas preventivas, que se baseiam em normas, protocolos sanitários e legislações já existentes que devem ser seguidas.

O procedimento com relação à retirada do corpo do hospital é feito diretamente para o cemitério, uma vez que o preparo do corpo (tanatopraxia) não é recomendado. Após a morte do indivíduo, o hospital já entrega o corpo envelopado (envólucro preto de plástico) ao agente funerário, que coloca o morto dentro da urna e a lacra.

A vítima é velada a céu aberto (sem capela). Apenas são permitidos seis parentes (o uso de máscara é obrigatório) e a duração é de, no máximo, uma hora. Dali, o corpo segue direto para a sepultura ou crematório.

“Essa relação com a família é muito triste. Você sente que por vezes ela quer um tempo maior para se despedir, mas estão entendendo essa celeridade, a necessidade de manter a segurança dela e dos colaboradores em volta” concluiu.

 Óbitos registrados após enterros

Funerárias do Rio de Janeiro podem fazer os registros de óbito após os sepultamentos enquanto durar a pandemia. A autorização foi concedida pela prefeitura e publicada no diário oficial. A medida serve para todas as mortes, não só as causadas por covid-19. Toda morte precisava ser registrada em cartório antes do sepultamento. Agora, funerárias poderão agilizar o processo utilizando um “termo de responsabilidade para sepultamento”, que deverá ser encaminhado ao cartório num prazo de 15 dias para que a certidão de óbito seja emitida. A decisão foi justificada pela dificuldade encontrada pelas famílias das vítimas, já que o atendimento presencial ao público nos cartórios foi reduzido durante a pandemia.

No município do Rio, algumas funerárias na zona norte reforçaram em até 30% a quantidade de caixões em estoque. Outros cemitérios também estão criando novas vagas. O cemitério São Francisco Xavier, no Caju, está abrindo 12 mil vagas.

Ouça a entrevista completa na íntegra com Ronaldo Milano, diretor cemiterial da concessionária Rio Pax

 

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