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Capital Fluminense

Peça com atores e atrizes oriundos das favelas do Rio, participa de Festival Midrash no Leblon

Produção retrata o racismo, o preconceito social e a falta de acesso a serviços e oportunidades enfrentadas por jovens e moradores de periferia e favelas cariocas

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Peça de teatro Nem Todo Filho Vinga
Peça de teatro Nem Todo Filho Vinga (Foto: Divulgação)

Sucesso de público no Museu da Maré, com casa lotada todos os dias no meses de março e abril, o espetáculo “Nem Todo Filho Vinga” se apresenta no dia 05 de maio no Teatro Municipal Café Pequeno, no Leblon, no Festival Midrash.

Racismo, preconceito social, falta de acesso a serviços e oportunidades são dificuldades enfrentadas pelos jovens e moradores de periferia e favelas cariocas. Essa difícil realidade é tema da peça “Nem Todo Filho Vinga” da Companhia Cria do Beco, da Maré, Zona Norte do Rio.

Ganhadora do 9° Festival de Teatro Universitário (Festu), em 2019, a produção foi baseada na obra “Pai Contra Mãe”, do escritor Machado de Assis (1839-1908). A cena desenvolvida por jovens universitários oriundos das favelas do Rio de Janeiro, nasceu a partir da provocação feita pelo autor, que termina sua obra literária com a frase que dá título à cena: “Nem Todo Filho Vinga”.

A obra traz a história do personagem Maicon, morador da Maré que, após passar para a Faculdade de Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), passa a confrontar os ideais de justiça do Estado Brasileiro. Diante dos inúmeros eventos de injustiça que ele e seu grupo de amigos vivem diariamente, ao longo do seu ano letivo, Maicon sentirá na pele como as políticas públicas abalam todas as esferas da vida.

Peça de teatro Nem Todo Filho Vinga

Peça de teatro Nem Todo Filho Vinga (Foto: Divulgação)

Para o ator Jefferson Melo, protagonista do espetáculo, o texto traz a narrativa favelada em sua essência, dos atravessamentos diários que o corpo favelado insiste em existir, em persistir na vida, no acesso à faculdade, a cidade e presença nesta sociedade excludente.

“O desconforto vai tocar os olhares preconceituosos de quem não consegue enxergar a favela. Nossa intenção também é fazer com que os nossos amigos e amigas da favela se reconheçam nas narrativas. A atuação é interativa entre elenco e plateia. Queremos fazer do palco a favela, que se diverte, que faz festa, que ajuda uns aos outros e que vive nessa pluralidade cultural”

O Festival será realizado de 01 a 29 de maio, no Teatro Café Pequeno no Leblon de forma presencial. Para este ano o Rabino Nilton Bonder, diretor geral do Midrash e idealizador do Festival convidou para a Curadoria as atrizes, diretoras e produtoras Natasha Corbelino e Vilma Melo. A proposta é realizar um Festival que pense a sociedade contemporânea e promova reflexões, com o objetivo de difundir e valorizar a diversidade cultural, trazendo textualidades, corporeidades e musicalidades existentes na cultura afro-brasileira e ajudar a combater o racismo estrutural, além de gerar diálogos transversais entre as obras, artistas e o público.

“Receber o convite para participar do festival é mais uma conquista de nós, artistas favelados, que estamos na luta por um lugar ao sol e como diz nosso espetáculo, acreditando que todo filho vingará”, conclui Jefferson.

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